Mesmo com alta da Selic, poupança continua perdendo para a inflação
A alta da taxa básica de juros (Selic) vai melhor um pouco a rentabilidade da poupança, que há meses vem perdendo para a inflação. A aplicação vai render agora 0,16% ao mês e 1,93% ao ano, segundo cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac). Antes, o rendimento estava em 0,12% ao mês e de 1,4% ao ano.
Na quarta-feira (17), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa básica de juros da economia brasileira de 2% para 2,75% – o primeiro aumento da taxa Selic desde 2015.
Pela regra em vigor desde 2012, quando a Selic está abaixo de 8,5% a correção anual da caderneta de poupança é limitada a um percentual equivalente a 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, que está em zero desde 2017). ).
Como fica um rendimento de R$ 10 mil na poupança num prazo de 12 meses, segundo a Anefac:
Antes: rendimento era de R$ 140 (R$ 10.140 ou 1,4% ao ano);
Agora: rendimento será de R$ 193 (R$ 10.193 ou 1,93% ao ano).
Vale destacar, porém, que os depósitos feitos até abril de 2012, na chamada “poupança velha”, continuam rendendo 6,17% ao ano (0,50% ao mês).
Poupança x inflação
No mês de fevereiro, a rentabilidade nominal da poupança em 12 meses foi de 1,82%, enquanto que a inflação medida pelo IPCA no mesmo período foi de 5,2%. Ou seja, a aplicação teve um retorno negativo de 3,21%. Segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica, foi o sexto mês consecutivo de perdas e o pior resultado para 12 meses desde setembro de 2003.
Mesmo passando a render mais com a Selic a 2,75% ao ano, a poupança deve continuar perdendo para a inflação. Os economistas do mercado financeiro elevaram a previsão para o IPCA em março, de alta de 0,45% para 0,85%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Já a previsão para a inflação em 2021 passou de 3,98% para 4,60%.
Embora a poupança tenha perdido rentabilidade nos últimos meses, ela ainda é mais vantajosa do que os fundos de renda fixa, segundo a Anefac, “principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano”.
Importante lembrar também que, diferente dos outros investimentos, os rendimentos da caderneta de poupança são isentos do pagamento de imposto de renda e de taxas de administração. “Considerando uma aplicação em CDB, o investidor teria que obter uma taxa de juros de cerca de 85% do CDI para atingir o mesmo ganho obtido pela poupança nova já que as aplicações em CDBs pagam igualmente IR de acordo com o prazo de resgate da aplicação”, observa a Anefac.
Em fevereiro, os saques das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 5,832 bilhões, segundo o Banco Central. A retirada de recursos da poupança aconteceu pelo segundo mês seguido. O volume, entretanto, foi menor que o de janeiro, quando R$ 18 bilhões deixaram a modalidade de investimentos – a maior retirada da história.
Comparativo de investimentos
Levantamento da Economatica mostra que o euro e o ouro foram os investimentos com o maior ganho real (descontada a inflação) no acumulado em 12 meses até fevereiro.
Já o IFIX (índice de fundos imobiliários) teve a maior perda de poder aquisitivo em 12 meses até fevereiro, seguido pela poupança. Veja o comparativo:
Euro: 29,13%
Ouro: 27,73%
Dólar: 16,86%
Ibovespa: 0,41%
CDI: -2,69%
Poupança: -3,21%
Ifix: -7,42%
Considerando apenas o mês de fevereiro, somente o euro e dólar tiveram ganho real acima do IPCA, com retorno de 0,06% e 0,13% respectivamente. O pior desempenho foi o do ouro, com perda de 5,65%, seguido pelo Ibovespa com retorno negativo de 5,19%. A poupança teve perda real de 0,74% no mês.
Fonte: NULL