Mês das Mulheres – chegamos ao topo das organizações?
Será que já podemos comemorar em 2021 o aumento do número de mulheres em postos de liderança nas empresas de seguros? Quantas mulheres, atualmente, atuam como diretoras, VPs e CEOs?
E, como o mês é das mulheres – Feliz Mês das Mulheres! – convido você a refletir comigo sobre o que faz com que ainda existam tão poucas mulheres em “C-level” nas empresas de seguros.
Para entender melhor o cenário atual, entrevistei alguns CEOs, homens e mulheres. Afinal, qual é a realidade das mulheres em cargos de liderança?
A CEO da AXA, Erika Medici, é clara no seu ponto de vista: “As empresas precisam ter políticas e práticas claras, divulgadas, cumpridas e mensuradas. É necessário atrelar esse tema à política de bônus e reconhecimentos. Se o compromisso com a diversidade não for tangível e mensurável, podemos não ultrapassar o discurso. As narrativas trazem visibilidade para a questão, mas precisamos ir além e este precisa ser um compromisso da sociedade como um todo.”
Maria Eduarda Bomfim, CEO Latin America Re, constata: “Eu vejo muito que nós, mulheres, sofremos bastante com a síndrome de impostora e temos que nos policiar para não deixar que a sensação de incapacidade nos domine. Temos que olhar sempre para o que já conseguimos alcançar e tudo que conseguimos realizar e como já crescemos até chegar onde atualmente estamos. Olhar para as conquistas vai ajudar o auto empoderamento”.
Marcelo Homburger, CEO da AON, contextualiza: “A realidade, hoje, tem a ver com o contexto histórico e cultural e não permeia apenas o mercado securitário. Li uma notícia na Internet sobre uma pesquisa realizada ano passado na Holanda, segundo a qual uma em cada cinco mulheres foi rejeitada nas candidaturas devido à gravidez, maternidade ou desejo de ter filhos, em pleno 2020. Isso nunca aconteceria com um homem. É necessário falar ou oferecer o lugar de fala, advogar em prol da equidade.”
Já o CEO da MDS, Ariel Couto, aponta: “O mercado segurador nem sempre foi um exemplo em termos de igualdade de gênero e diversidade. Aos poucos, a situação tem melhorado”.
DADOS SOBRE A LIDERANÇA FEMININA
· De acordo com a última pesquisa realizada em 2019 pela Talenses e Insper com CEOs no Brasil, apenas 13% das empresas têm CEOs mulheres, 26% das mulheres são diretoras, 23% vice-presidentes e 16% ocupam cargos nos conselhos. Portanto, ainda há um caminho longo a ser percorrido.
· Segundo o 3º Estudo sobre as Mulheres do Mercado de Seguros no Brasil, apesar de as mulheres terem avançado para cargos gerenciais no Brasil, hoje elas ainda ganham em torno de 70% dos salários dos homens.
· Já a pesquisa do Professor Boris Groysberg da Universidade de Harvard aponta que as mulheres alcançam melhores resultados com mudanças nas empresas. Groysberg explica que há dois motivos para isso: “se você é uma mulher de sucesso, você é uma sobrevivente e já é muito boa”.
· Mais autoconfiança e tomada de riscos: estudos do Professor Boris Groysberg, na Harvard Business Review sugerem que as mulheres são menos autoconfiantes para tomar a liderança em se movimentar nas suas carreiras. Que elas ainda hoje evitam tomar riscos e a exposição de eventuais vulnerabilidades.
· Saúde financeira: a diversidade corporativa é saudável tanto social quanto financeiramente o que retrata a pesquisa Diversity Matters Report que passou a ser publicada pela McKinsey.
Fato é que a Diversidade e a Inclusão estão entre as pautas mais importantes das empresas. Se a pauta é essa, o que impede as mulheres a assumirem o topo das organizações no mercado de seguros?
O que será então que as mulheres precisam saber, aprender e desenvolver para chegar até lá?
· Érika Medici, CEO da AXA: “As mulheres precisam estar atentas ao ambiente e à cultura da organização para entender se a empresa têm políticas e práticas de diversidade – se há igualdade de oportunidades. Caso contrário, onde a cultura é machista e excludente, não adianta ser uma mulher brilhante, profissional impecável. A meritocracia só acontece de fato quando há igualdade de oportunidades. “
· Cristina Domingues, CEO Starr Companies: “Mulheres são mais recíprocas que os homens em tomadas de decisões e estimulam mais a participação de todos os colaboradores. As mulheres são mais empáticas, organizadas e sensíveis aos detalhes enquanto os homens possuem uma visão mais ampla, rigorosa e controlada das situações. Além disso, as executivas contam com maior desenvolvimento da inteligência emocional, gerando altos níveis de empatia. Constroem ótimas equipes de trabalho, encorajam a participação do time, compartilham mais o poder e sem perder de vista os resultados. Há organizações que preferem as mulheres em certas posições, pois já experimentaram os benefícios da liderança feminina.”
· Angelo Colombo, CEO da Swiss Re: “As mulheres precisam apropriar-se de sua importância estratégica. A diversidade de pensamentos é matéria prima para a construção da resiliência corporativa. Nos seguros, cabe investir no conhecimento da ciência de dados, gestão ágil de projetos e comportamento do cliente. As líderes que hoje ascendem têm a responsabilidade de romper os paradigmas do passado e servirem de referência para as gerações futuras. É imprescindível que tragam seu estilo próprio à liderança”.
· Ariel Couto, CEO da MDS: “Os esforços de inclusão devem transcender o âmbito feminino e lançar um olhar sobre a diversidade de modo geral. Empresas diversas e plurais tendem a alcançar resultados de negócios superiores à média global. E mais: empresas com mulheres na liderança apresentam números maiores de engajamento e maior abertura para inovação.”
· Márcio Ribeiro, CEO da KNW Brokers: “As mulheres precisam se convencer que podem e devem sonhar com os altos cargos de liderança, se isso for um desejo. Muitas vezes, por acharem que ‘isso não é pra mim’, acabam não se atentando a indícios de oportunidades. Convictas de seus objetivos, devem buscar novos aprendizados, sejam técnicos ou comportamentais (soft skills), e a qualificação necessária para ocupar o cargo que almeja.”
· Marcelo Homburger, CEO da AON: “Além de ser fundamental trabalhar a autoconfiança, as mulheres precisam desenvolver mais o networking – exatamente pela rede de liderança ainda ser masculina. Precisamos quebrar esses padrões e apoiar as mulheres a buscarem ainda mais espaço, exposição e oportunidades.”
· Francisco Vidigal, ex-CEO da Sompo Seguros: “A alta liderança precisa se conscientizar da importância da diversidade de gênero em todos os níveis da empresa”.
O fundamental é implantar mudanças realmente transformadoras nas empresas que apoiem a diversidade e a inclusão das mulheres na liderança. O esforço contínuo e a consciência coletiva vão gerar o retorno desejado para as mulheres nos anos que se seguem. Para apoiar executivas e empresas, listei ações para que em 2022 possamos comemorar um novo cenário corporativo.
AÇÕES PARA MUDAR O CENÁRIO ATUAL
· Área de RH deve estar mais atenta aos talentos femininos, mapeando as competências das futuras líderes e garantir representatividade nos planos de sucessão da liderança, aprimorando soft skills, gestão, autoconfiança e novo estilo de liderança.
· “As empresas precisam estar preparadas para o rompimento de algumas amarras como o que ocorreu naturalmente com o advento da epidemia. As jornadas podem e devem ser flexíveis e isto deve beneficiar as mulheres”, segundo Maria Eduarda Bonfim, CEO Latin Re.
· O RH deve estar atento e trabalhar a síndrome de impostora que acomete muitas mulheres no trajeto à alta liderança.
· Mentoria e Coaching como plataforma de empoderamento
· Liderança feminina como inspiração para novas líderes. Como acontece na MDS, líderes como a VP de RH, Isabel Azevedo que, segundo Ariel Couto, CEO da MDS desafiam o time a enxergar novas oportunidades diárias para as mulheres e, assim, promover mais iniciativas e ações com vistas a dar a elas o espaço e a voz que merecem no mercado de trabalho.
· Ousar e acreditar em seus talentos. Segundo o LinkedIn, mulheres só se candidatam a uma vaga quando avaliam ter 100% de aderência ao cargo, enquanto os homens, muitas vezes, não chegam nem a 60%.
· Apoio na estruturação familiar para desenvolvimento de lideranças. Marcio Ribeiro, CEO da KNW Brokers comenta: “Pelo contexto em que vivem e educação que tiveram, muitas mulheres nem sequer aplicam a cargos de diretoria – ou por não se sentirem preparadas o suficiente (apesar de apresentarem mais qualificação), ou por não contarem com apoio em casa para se dedicar ao trabalho.”
· Paixão por performar de cada colaboradora: a empresa deve estar pré-disposta a fornecer ferramentas de desenvolvimento e o ambiente propício à produtividade.
· Ações afirmativas como a AMMS. Ariel Couto, CEO da MDS, comenta “As ações da AMMS são genuinamente mobilizadoras e inspiram a promover a diversidade e inclusão por meio de eventos, lives, mentorias, capacitações e pesquisas.
· Rede de confiança e troca: redes como a AMMS que proporcionam interações, visibilidade e a confiança necessárias, gerando mais reflexão e lugar de fala para as mulheres. Segundo Marcio Ribeiro CEO da KNW Brokers “graças a iniciativas como a da AMMS, vimos uma grande evolução no debate e conscientização sobre liderança feminina nas empresas. Mas, uma mudança que mexe com crenças e valores, acaba levando mais tempo do que gostaríamos.”
O desafio das mulheres continua. O desafio é meu, é seu, é nosso. Por isso, a AMMS está aqui para dar todo o suporte, capacitar e empoderar as mulheres. Eu me sinto parte dessa mudança e convido você a compartilhar os seus desafios no ano de 2021. Para isso, preparei uma pesquisa rápida e anônima que servirá de base para ações da AMMS.
É importante saber não apenas o que fazer, mas como ajudar de forma estruturada para transformar o cenário atual. Conto com sua participação à vera.
Link pesquisa: https://forms.gle/DRPaT6kz5Pq3tyht7