Mercado segurador do Brasil atrai interesse da comunidade internacional
A abertura do mercado de resseguro brasileiro está despertando o interesse da comunidade de seguros internacional. A constatação foi feita pelos 27 integrantes da comitiva brasileira que participou de uma missão brasileira a Londres, no período de 11 a 14 de março.
Com o objetivo de estreitar as relações e promover o intercâmbio de informações e experiências nesse momento pós-abertura do mercado de resseguros no Brasil, a comitiva formada por lideranças do mercado segurador, dentre eles o presidente da Fenaseg, João Elisio Ferraz de Campos, e representantes do Governo, como Otávio Damaso, secretário adjunto da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Na ocasião, os integrantes visitaram o Lloyd´s, mais antigo e tradicional mercado de seguros do Mundo, resseguradoras, corretores de resseguro, o Chartered Insurance Institute (CII). As autoridades brasileiras também realizaram uma visita ao órgão oficial Financial Service Authority FSA.
No primeiro dia de atividades, a comitiva visitou a ACORD, uma associação de seguros sem fins lucrativos, que dentre outros serviços, desenvolve parâmetros mínimos para os negócios da indústria de seguros e resseguros.
Segundo a direção da ACORD, a utilização desses parâmetros contribui para agilidade no momento negociação, e também ajuda a diminuir possíveis questões judiciais, porque reduz o risco de problemas na interpretação de pontos divergentes. A utilização desses parâmetros mínimos é estimulada porque traz benefícios. Os seguradores brasileiros ficaram entusiasmados e pretendem, oportunamente, discutir a viabilização de utilizar estes parâmetros no mercado nacional, não só nas operações de resseguro, como nas de seguro, explica Maria Elena Bidino, diretora de Ramos Elementares e Resseguro da Fenaseg, e uma das integrantes da comitiva.
Desafios e Oportunidades – No segundo dia da missão, a comitiva visitou o Lloyd´s, e participou dos eventos de comemoração do 100º aniversário do Insurance Institute of London IIL, o maior dos 90 institutos de seguros existentes em Londres, com 13 mil associados.
Os brasileiros foram recebidos pelo Chairman do Lloyd´s de Londres, Lord Peter Levene. O executivo contou aos integrantes seu encontro com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o último Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, de 24 e 28 de janeiro, e que reuniu os líderes mundiais. Na ocasião, Levene aproveitou para informar ao presidente Lula que o mercado londrino acredita no grande potencial do mercado segurador e ressegurador brasileiro e que há um grande o interesse em atuar no Brasil.
Após as boas-vindas do Chairman, foram realizadas três palestras para apresentar o Lloyd´s de Londres aos integrantes da comitiva. A primeira foi ministrada por James Sutherland, Head Operations do Lloyd´s. O executivo abordou o funcionamento do Lloyd´s, mercado com mais 300 anos de existência. Ele revelou que atualmente são 42 agentes controlando 66 sindicatos e 164 Lloyd´s brokers. Este mercado sui-generis recebe negócios de mais de 200 países e territórios, e os riscos mais complexos e especiais do mundo são segurados pelo Lloyd´s. A capacidade de subscrição prevista para 2007 é de 16.1 bilhões de libras.
John Parry, Head Lloyd´s Market Finance, realizou a segunda apresentação e mostrou a estrutura financeira e de capital do Lloyd´s. A terceira foi realizada por Rolf Tolle, director Franchise Performance, que abordou a questão da perfomance dos sindicatos, incluindo a subscrição, o monitoramento, os critérios básicos de subscrição, dentre outros pontos (veja as palestras em anexo).
Grande interesse No mesmo dia, a diretora da Fenaseg Maria Elena Bidino, ministrou a palestra A liberalização do mercado de resseguros brasileiro: os impactos e oportunidades. O evento, que fazia parte das comemorações dos 100 anos do Insurance Institute of London IIL, foi assistido por 160 pessoas que disputaram um lugar na sala onde foi realizada, demonstrando o interesse da comunidade internacional no mercado segurador brasileiro.
Durante uma hora, Bidino falou sobre o potencial do mercado segurador brasileiro e as novas expectativas com a abertura do mercado de resseguros em janeiro deste ano. Dados de 2005 revelam que o Brasil ocupa o primeiro lugar no mercado latino americano de Seguros, incluindo Vida e Não-Vida, sendo que do total de Prêmios emitidos na região, US$ 59 bilhões, o Brasil obteve market share de 41%.
Ela também ressaltou que o Brasil tem atualmente uma economia forte e que o PAC Pacote de Aceleração do Crescimento, lançado no inicio deste ano pelo Governo Lula, deverá possibilitar o investimento em diversas áreas visando ao desenvolvimento sustentável do País.
Bidino também ressaltou a importância da abertura do Resseguro para a expansão do Seguro Rural no Brasil, fator que poderá se traduzir na transferência de know how e de capital às seguradoras. O seguro rural é um dos mais importantes instrumentos de política agrícola, por permitir ao produtor proteger-se contra perdas decorrentes principalmente de fenômenos climáticos adversos.
Dados apresentados pela executiva, durante a apresentação, mostraram que, em 2005, o prêmio do agroseguro foi de US$ 13 milhões, representando apenas 0,002% do total do PIB do Agronegócio, que foi de R$ US$ 222 bilhões, naquele ano. O agroseguro está em sua infância, e o potencial de crescimento é enorme. Em 2006, o prêmio cresceu para US$ 75 milhões. O Governo hoje é o contribuinte-chave para o agroseguro, por subsidiar até 50% de muitas das coberturas de seguro para várias colheitas, informou.
Durante a palestra, a diretora explicou ainda os principais pontos estabelecidos pela Lei Complementar nº 126/07, aprovada em 15 de janeiro deste ano. De acordo com a legislação haverá uma suave transição para o mercado de resseguro aberto, e um dos objetivos é melhorar a transparência da regulação de seguro, co-seguro, resseguro, e operação de retrocessão, e as intermediárias, sobre a supervisão dos órgãos brasileiros reguladores (CNSP e Susep).
Com a nova Lei também foi permitida a atuação de três diferentes tipos de resseguradores: o local, sediado no Brasil e com finalidade de fazer exclusivamente resseguro e retrocessão; o admitido, sediado no exterior, mas com representação no País; e o eventual, constituído como empresa estrangeira, sediado no exterior sem representação no País. Na visão da especialista, os principais beneficiados com a abertura do mercado serão os consumidores de seguros, que terão o aumento na oferta de novos produtos, melhor serviço, e preços mais justos. O mercado livre também obrigará as companhias a serem mais eficientes, e mais flexíveis para mudar de acordo com as necessidades do mercado. Isso significa que todos os atores do mercado brasileiro deverão fazer seu dever de casa e se preparar para lidar com os desafios e as oportunidades. Todos nós temos que trabalhar juntos, concluiu.
Ao final, o Lloyd´s ofereceu à comitiva brasileira um almoço, que contou com a presença do Chief Executive Officer do Lloyd´s, Richard Ward. Ele agradeceu a visita da comitiva e resumiu que o foco do mercado londrino agora está na regulamentação da Lei Complementar que será feita pelo CNSP, e cuja previsão é estar pronta até julho deste ano. Pretendemos ir ao Brasil tão logo a Lei seja regulamentada, informou.
Integrantes da Comitiva Brasileira:
Governo
Otávio Ribeiro Damaso – Ministério da Fazenda – Secretaria de Política Econômica
Silvio Furtado Holanda – Ministério da Fazenda – Secretaria de Política Econômica
Alberto de Almeida Pais – IRB-Brasil Re
Iniciativa Privada
Ana Carolina Ferraz de Campos Bolduan – Centauro Vida e Previdência S/A
Ana Paula Senra de Oliveira – UIB United Insurance Brokers
Carlos Alberto Lenz Cesar Protásio – Associação Brasileira de Corretores de Resseguro
Carlos Eduardo Corrêa do Lago – Bradesco Seguros Auto/RE Cia. de Seguros
Carlos Eduardo Pereira Reis – PWS Brasil
Cesar Jorge Saad Unibanco – AIG Seguros S/A
Fábio Alexandre Torres – Torres & Associados Advocacia Empresarial
Fabio Pelacani Basilone – Cooper Gay do Brasil
Guillermo León – AIU American International Underwriters
Ileana Maria Iglesias T. Moura – Centauro Vida e Previdência S/A
João Elisio Ferraz de Campos – Fenaseg
José Roberto Marmo Loureiro – Metropolitan Life Seg.e Prev.Privada S/A
Luis Felipe de Freitas Braga Pellon – Pellon & Associados Advocacia Empresarial S/C
Maria Elena Bidino – Fenaseg
Nicolau Daudt – Capital Re Administração e Serviços Ltda. – HSBC
Paulo Cesar Pereira Reis – Transatlantic Re
Paulo Miguel Marraccini – AGF Brasil Seguros
Renato Campos Martins Filho – Escola Nacional de Seguros – Funenseg
Ricardo José Iglesias Teixeira – Centauro Vida e Previdência S/A
Ricardo Saad – Bradesco Seguros Auto/RE Cia. de Seguros
Roberto da Rocha Azevedo – Mexbrit Brasil
Rodrigo de O.F.Protásio – Orypaba Rio Adm. e Cor.de Resseg.Ltda. – JLT/Jardine
Rodrigo Otavio Londres – Aon Re Brasil
Suzana Maria Munhoz da Rocha – Fenaseg
Fonte: Fenaseg