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Mercado se prepara para o pior

A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) deve abrir em queda hoje. E bem forte, segundo operadores do mercado. Eles estão preparados para o pior, depois do vazamento da delação dos donos do frigorífico JBS, Joesley Batista e Wesley Batista, com gravação comprometendo o presidente Michel Temer. Muitos, inclusive, acreditam que vai haver circuit breaker, mecanismo que suspende o pregão quando há uma queda de 10%.

Os mercados futuros já apontavam queda ontem à noite, antecipando o que virá nesta quinta-feira. O Ibovespa caía quase 10% e o dólar futuro era negociado a  R$ 3,32. “O movimento de venda de ações de investidores será inevitável. A bolsa vai ter seu pregão interrompido e o dólar vai disparar”, avisou o economista-chefe da Lopes Filho & Associados, Julio Hegedus.  “É uma situação muito triste para o país. Qualquer expectativa de retomada do investimento neste ano cai por terra. Se o Congresso tiver que convocar eleições indiretas (como prevê a Constituição), vai parar para isso, e não haverá mais chances de avanço das reformas, principalmente, a da Previdência”, completou.

Para o economista-chefe da A2A INVX, Eduardo Velho, o aprofundamento do desgaste político de Temer é o pior dos cenários para o governo, uma vez que a reforma da Previdência já contaminou a base aliada. Uma eventual saída do presidente colocaria tudo a perder, com mais um ano de recessão. “É algo que não pode ser descartado. Com certeza, aumentaria as chances de termos mais um ano de retração econômica”, disse.

Uma fonte do mercado financeiro contou que os clientes estrangeiros estavam em polvorosa após o vazamento da delação e que recebeu mais de 200 mensagens. “Com certeza vão vender as posições a partir de hoje”, disse, em tom de desolação.

Os investidores estrangeiros detêm mais da metade do capital da BM&FBovespa e é grande a possibilidade de quererem se desfazer dos papéis brasileiros para minimizarem as perdas que virão com a indefinição do futuro político do presidente – seja por impeachment, por renúncia ou pela cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) -, dizem os analistas.

Saia justa

Em meio a esse turbilhão, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, receberá em seu gabinete hoje de manhã uma equipe de técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) que está em Brasília. Os representantes do FMI estão no país para conversar com autoridades a fim de fazerem projeções sobre o cenário macroeconômico do país, que é membro do organismo internacional. Segundo fontes do ministério, será uma tremenda saia justa para Meirelles explicar a possível troca de governo e também o seu envolvimento com a JBS. O ministro foi presidente do conselho da holding J&F, que controla a JBS. Procurada, a Fazenda não comentou o assunto.

Santana fala em cinismo

O marqueteiro de campanhas eleitorais do PT João Santana divulgou nota em que afirma que o ex-ministro José Eduardo Cardozo diz de forma “cínica” que não houve caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014. O marqueteiro trabalhou nas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff (PT) à Presidência nos dois anos.”O advogado Cardoso insiste também na versão surrada expressa a mim, desde 2015, pela presidente Dilma, de que o “altíssimo custo” oficial da campanha seria uma prova vigorosa de que não houvera “pagamentos não contabilizados”.”

“Esse argumento não se sustenta para qualquer pessoa que conheça os altos custos e a realidade interna das campanhas”, afirmou o marqueteiro.”De forma cínica diz que não houve caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014. Pra cima de mim, José Eduardo?” Segundo o marqueteiro, “as únicas vezes” que mentiu sobre a presidente Dilma “foi para defendê-la”. “E isso já faz algum tempo”, pontuou. “Jamais para acusá-la. Lamento por tudo que ela, Mônica e eu estamos passando. A vida nos impõe momentos e verdades cruéis.”João Santana negou ainda haver contradição em sua delação premiada. O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, apontado pela empresária Mônica Moura, mulher de Santana, como responsável por ter informado à presidente cassada Dilma Rousseff sobre a prisão da empresária e do ex-marqueteiro do PT João Santana, disse que as delações do casal apresentam contradições que desacreditam o depoimento. João Santana classificou ainda como “grotesca e absurda” a entrevista de Cardozo ao jornal O Globo.Após a manifestação do marqueteiro, Cardozo afirmou que “é esperado que alguém defenda, inclusive com deliberada veemência e indignação, os termos de uma delação que firmou com a finalidade de obtenção de condições mais vantajosas para o cumprimento de uma sanção penal”. “Afinal, a não comprovação dos depoimentos prestados pelos delatores levará à perda das vantagens pretendidas”, declarou.

“O que chama atenção é que, com esta manifestação, o publicitário não só não esclarece a clara contradição entre o seu depoimento e o de Monica Moura, mas como a reitera. De fato, basta verificar os depoimentos dos delatores e a nota em questão para que se constate a evidente contradição, sobre os momentos e as maneiras pelas quais teriam sido hipoteticamente avisados da sua prisão pela presidenta Dilma Rousseff.”

Fonte: Correio Braziliense

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