Mercado discute aperfeiçoamento e perspectivas do seguro garantia
Dois anos depois de intensas discussões entre seguradoras e resseguradoras em torno da portaria 232, que regula o seguro garantia, a CNSeg decidiu abrir a discussão para todo o mercado ao realizar o I Encontro de Seguro Garantia. O objetivo do encontro de dois dias- encerra-se nesta terça-feira, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro- é disseminar os fundamentos desta modalidade de seguros, eliminar dúvidas, provar que o produto é viável e aproveitar o bom momento e as oportunidades que o País oferece, quando só em obras de infraestrutura estão previstos investimentos de mais de R$ 1,5 trilhão.O Brasil vai se transformar em um grande canteiro de obras, e o mercado terá a chance de mostrar ao País que tem condições de garantir os principais empreendimentos, afirmou o presidente da CNSeg, Jorge Hilário Gouvea Vieira para um auditório lotado com representantes das principais seguradoras e resseguradoras, fora agentes financiadores e potenciais segurados e tomadores.Segundo o presidente da Comissão de Crédito e Garantia da FenSeg, Rogério Vergara (da Mapfre), este é o momento de mostrar ao mercado que o produto é bom e, para isso, é preciso agir, sobretudo considerando-se que é interesse do governo que o seguro garantia segure as principais obras. O volume total de sinistros pagos até hoje é de R$ 439 milhões para prêmios de R$ 3 bilhões. É um bom mercado, mas pode ser muito melhor. O crescimento anual é de 2,5 vezes. Não vamos jogar o mercado fora, é hora de sentar com o segurado e entender suas necessidades. Há muito o que evoluir e este debate visa a encontrar saídas para comuns para operadores e tomadores, garantiu Vergara, ao abrir o seminário.Ele conta que, ao longo do ano, as seguradoras discutiram a portaria 232, que, por ser muito aberta, traz prejuízos ao mercado ao dar margem a diferentes interpretações. A Susep colocou em consulta pública até 30 de novembro três novos artigos da portaria. As seguradoras, por meio da CNSeg, encaminhou uma proposta com um compêndio que revê toda a circular a partir de discussões com segurados, tomadores, Sincor e a Academia Nacional de Seguros e Previdência. E aguarda que a Susep incorpore as sugestões.Na segunda parte do seminário, o representante do IRB, José Farias de Souza, apresentou a evolução do seguro garantia desde o período do monopólio estatal até a formação das empresas especializadas. E Tania Amaral, representante da Munich Re, falou sobre a experiência internacional com seguro garantia. Ela declarou que, no âmbito mundial, o segmento é extremamente concentrado em poucas seguradoras e resseguradoras, porque demanda especialização. Na ponta do tomador, a concentração também é grande: os setores de construção e engenharia representam 70% do mercado. Além disso, trata-se de um mercado cíclico e tradicionalmente tem baixa sinistralidade. Isso porque a ideia é que a seguradora analise o tomador e garanta que ele vai cumprir o contrato. Ela destacou ainda o grande potencial do mercado brasileiro.O seguro garantia na América Latina é de apenas 0,05% do PIB e no Brasil 0,03%. O potencial é grande. Na América Latina, 55% do prêmio é cedido em resseguro. No Brasil, este percentual chega a 77%. Por isso, o ressegurador é importante para estes mercados, concluiu.Os debates em torno das perspectivas do seguro garantia prosseguem durante todo o dia de hoje. O evento é organizado pela CNSeg e apoiado pela Escola Nacional de Seguros. Cerca de 250 pessoas participam do seminário.
Fonte: Viver Seguro