Mercado de microseguros triplica no país
Bons ventos sopram em direção ao mercado de microsseguros no Brasil. De 1999, quando foram movimentados R$ 20,287 bilhões, a 2007, com R$ 68,577 bilhões, em todas as modalidades de cobertura desde danos contra bens materiais em favor de pessoas físicas até acidentes fatais, houve alta de 238%. Esse salto de mais de três vezes nos negócios fechados. é explicado por vários fatores. A migração de parte das classes D e E para o patamar médio de renda, onde hoje se encontram 51,8% da população e a redução do número de pobres, por causa dos programas de transferência de recursos e aumento do trabalho assalariado são argumentos da aposta do economista Alexis Cavichini.
Professor de finanças da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele projeta para dezembro um consumo per capita de US$ 332, meta capaz de alçar o país ao segundo lugar no ranking de compra de seguros por habitante na América Latina, só superado pelo Chile. Segundo pesquisa desenvolvida pelo especialista, o prêmio no Brasil vai crescer 61% em relação a 2007, o equivalente a US$ 62,5 bilhões, com a moeda estrangeira variando em torno de R$ 1,60.
Até maio, o ramo de pessoas físicas já representava 51% do mercado e o lançamento de vários planos tentam fidelizar a classe média e facilitar a entrada dos níveis C e D. No entanto, atualmente, são os planos VGBL e PGBL que alavancam o setor. Em 2007, o crescimento real, só desses produtos, variou entre 10% a 12%. No rol do microsseguros, estão incluídos os contratos de previdência aberta, capitalização e seguro saúde. Só não entra previdência fechada, diferencia.
Para este ano, o faturamento previsto por Cavishini no Brasil é de R$ 100 bilhões, R$ 24,5 milhões a mais se comparado a 2007. De acordo com o estudo, o país vai saltar cinco posições no mercado global, do 19º para 14º lugar, ultrapassando Austrália, Taiwan, Bélgica, Suíça e África do Sul. São os países emergentes que puxam esse ramo, diz o professor, ainda que 90% dos US$ 4,3 trilhões em prêmios a serem movimentados até dezembro se concentrem nas nações ricas.
Armando Vergílio, da Superintendência de Seguros Privados (Susep),vê ambiente amplamente favorável ao setor. Podemos chegar a 7% do PIB até 2011, acredita. A Porto Seguro, umas das três principais empresas no país, também acredita no avanço. Para o diretor de Relações com Investidores, José Tadeu Mota, o contribui para a ampliação o aumento da venda de veículos. O diretor da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Neival Freitas, também prevê bom desempenho, com crescimento de 17% em 2008.
Já o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros, Empresas Corretoras de Seguros de Saúde, de Vida, de Capitalização e Previdência Privada (Sincor-SP), Leôncio de Arruda, atribui a evolução no ranking geral ao dólar desvalorizado. Para ele, a abertura do resseguro também favorece o bom momento. Gerente de Recursos Humanos da Construtora Caparaó, Silvano Aragão, lembra-se do operário Juscelino da Silva. Aos 27 anos, ele sofreu um grave acidente no canteiro de obras e não resistiu. Além do seguro obrigatório, contratado do Pasi (Plano de Amparo Social Imediato) pela empresa, o operador de guincho amparou a família com um seguro complementar e uma terceira apólice feita junto ao sindicato, recorda.
O empresário Alaor Silva, criador do Pasi, atrela o desenvolvimento do mercado de baixa renda a três pilares: produtos cada vez mais customizados, logística diferenciada e formação de profissionais especializados para atender esse público para as classes menos favorecidas, a venda deve ser feita por líderes nas próprias comunidades. As vendas também devem ter comissões reduzidas e o governo precisa incentivar as empresas a formarem essas carteiras, com isenção de impostos, completa.
Fonte: CQCS