Menos de 50% das mulheres com planos de saúde fazem exames preventivos
Menos da metade das mulheres com planos de saúde realiza mamografia e papanicolau, exames preventivos que contribuem para o diagnóstico precoce do câncer de mama e colo do útero. E esse comportamento já era observado em 2019, ou seja, antes da pandemia que derrubou o volume de exames de rotina.
Segundo levantamento da consultoria americana Lockton, de abril de 2019 a março de 2020, com 59,2 mil mulheres com idade entre 25 e 64 anos, só 37% realizaram o papanicolau. Durante a pandemia (abril de 2020 a março de 2021) o percentual foi o mesmo.
Já em relação à mamografia, foram realizadas entrevistas com 8,5 mil mulheres, com idade entre 50 e 69 anos. Somente 42% delas fizeram o exame no período pré-pandemia.
Durante o isolamento social, a adesão foi de 38%, uma queda de quatro pontos percentuais. Ao que tudo indica, essa oscilação nula ou muito pequena mostra que as pacientes fiéis aos exames continuaram fazendo os diagnósticos, apenas prorrogaram por alguns meses.
Segundo dados da Abramed, associação dos laboratórios de medicina diagnóstica, entre março e agosto de 2020, o volume de exames de mamografia caiu 46,4% em relação ao mesmo período de 2019. Na comparação do acumulado do ano, a queda é de 28%. Esperávamos uma redução no volume de exames durante a pandemia, o que efetivamente ocorreu nos primeiros meses, depois teve uma retomada. Mas o que realmente chamou a nossa atenção é a baixa adesão aos exames independente da pandemia, disse Ricardo SantAna, diretor da Lockton.
A consultoria faz gestão de carteira de planos de saúde de empresas em cerca de 100 países. No Brasil, administra uma carteira com 300 mil usuários de planos de saúde.
As usuárias de planos de saúde que participaram do levantamento são de diferentes classes sociais e regiões do país. Atendemos desde multinacionais, escritórios de advocacia, indústria. Temos clientes desde cargos altos até o chão de fábrica, explicou.
O levantamento considerou os públicos com faixas etárias elegíveis aos respectivos exames. Segundo o mastologista Henrique Salvador, presidente da Mater Dei, a baixa adesão das mulheres à mamografia deve ser ainda maior levando em consideração que a indicação mais recomendada, atualmente, é que esse exame seja realizado a partir dos 40 anos.
O levantamento considera a faixa etária de 50 e 69 anos. Essa baixa adesão é uma questão cultural. Não há uma preocupação com a prevenção.
Entre os homens, é maior ainda, disse Salvador. Pesquisa da Lockton com 5 mil homens, de 55 e 69 anos, mostra que somente 46% deles realizaram exame de próstata no período pré-pandemia.
O levantamento mostra ainda que as campanhas de conscientização de prevenção do câncer, como Outubro Rosa, são eficazes. Cerca de 30% dos exames de mama e papanicolau ocorrem no último trimestre do ano. Estimulamos as empresas a divulgarem as campanhas, inclusive com isenção de coparticipação para esses exames nesse período, disse.
Fonte: NULL