Marítima inicia processo de convergência à nova lei contábil
A Marítima, um dos maiores grupos seguradores do Brasil, está começando a se preparar para atender às exigências da lei 11.638, que deve aproximar o desenho da contabilidade local ao padrão International Financial Reporting Standards (IFRS), já aceito em cerca de 100 países.
A companhia divulgou ontem a contratação da PricewaterhouseCoopers para fazer os trabalhos de diagnóstico, implantação e adaptação às normas. A empresa de auditoria é considerada a mais qualificada perla Marítima para realizar a conversão de companhias do setor segurador à lei.
A nova legislação, aprovada pelo Congresso Nacional no fim do ano passado obriga empresas privadas de grande porte – cujos ativos superem R$ 240 milhões ou cuja receita bruta supere R$ 300 -, a adotar demonstrativos contábeis baseados em IFRS.
No caso da seguradora, a publicação também está relacionada ao reforço nas estratégias de governança corporativa., iniciadas pela empresa em 2006. Desde então, a empresa estuda fazer seu IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês). Com a crise de crédito norte-americana, teve de frear os planos temporariamente. A operação foi interrompida na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em março.
A chegada à Bovespa deve ocorrer entre 2009 e 2010.
Desde 2006, diante de um cenário macroeconômico extremamente favorável e grande liquidez no mercado financeiro, a Marítima passou a reestruturar-se, o que incluiu a retomada das atividades no ramo vida. Ainda tendo como objetivo a oferta de ações, a seguradora contratou escritórios de advocacia especializados, além das gigantes KPMG e Deloitte para executar serviços de auditoria e consultoria externa. Além disso, foi criado um comitê interno de auditoria e um profissional foi contratado para cuidar da diretoria financeira e que também coordenará uma área de vital importância para empresas cujas ações são negociadas em bolsa: a de relações com investidores.
Em números consolidados do ano passado, a Marítima registrou lucro líquido de R$ 15 milhões. A seguradora, que tem 81 escritórios, possui sólido relacionamento com corretores. São quase 12 mil profissionais cadastrados para distribuir suas apólices, que atendem a mais de 720 mil clientes. Grande parte deles – aproximadamente 264 mil – é da área de veículos. Outras 165 mil apólices emitidas pela Marítima são do segmento de saúde e vida.
Movimento setorial
A Marítima não é a primeira em seu setor a das os primeiros passos rumo à convergência. A fila foi puxada pela Sul América., que em abril deste ano reforçou sua equipe para dar conta do trabalho. A seguradora contratou o executivo Sergio Borriello para o cargo de vice-presidente financeiro. Ele será o responsável por e iniciar a mudança de parâmetros contábeis. Para o exercício de 2008, a seguradora pretende já ter os números parcialmente enquadrados no formato IFRS. O objetivo é que no ano que vem possa publicá-los na nova modalidade contábil. A CVM dá prazo até 2010 para que as companhias abertas publiquem seus balanços consolidados no formato. O mesmo tempo terão as empresas qualificadas como de grande porte para adequar-se, caso da Marítima.
Ao longo de 2008 e 2009, CVM e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) devem colocar em período de audiência pública diversas normas correspondentes às modificações que o texto original poderá sofrer no Brasil para entrar em vigor no País.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 4)(Luciano Feltrin)
Fonte: Gazeta Mercantil