Marcos Lisboa deixa o comando do IRB
O economista Marcos Lisboa deixou ontem a presidência do Instituto de
Resseguros do Brasil (IRB Brasil RE). A carta de demissão foi enviada ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva um dia depois da demissão do ministro
Antonio Palocci, mas a decisão já havia sido tomada pelo executivo há cerca
de um mês. Ele estava só negociando com Palocci a hora mais oportuna para a
saída e a indicação do vice-presidente, Alberto de Almeida Pais, para
substituí-lo.
Agora, a sucessão no IRB é uma incógnita. Responsável pela movimentação de
prêmios de resseguro que, no ano passado, somaram R$ 1,51 bilhão, a
autarquia sempre atraiu o interesse de políticos, apesar de sua pouca
visibilidade. O IRB, que administra o monopólio do resseguro no País (uma
espécie de seguro do seguro) só ganhou notoriedade a partir de maio, no
rastro do escândalo deflagrado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que
revelou a existência de uma caixinha na instituição, forjada pelo desvio de
comissões, que poderia render mesadas de até R$ 400 mil. Ele próprio
participava do esquema de corrupção e as denúncias acabaram lhe rendendo a
cassação do mandato.
Lisboa não quis dar entrevistas ontem. Ele acompanhou Palocci desde o início
do governo, assumindo a Secretaria de Política Econômica do Ministério da
Fazenda. Era uma espécie de estruturador da linha econômica adotada pela
equipe. Tão fiel a Palocci que ontem, ao comunicar a alguns colaboradores a
decisão de afastar-se e mostrar sua perplexidade diante das denúncias
envolvendo o ex-ministro, quase chorou.
Na campanha eleitoral de Lula, Palocci ficou impressionado com o trabalho
coordenado por Lisboa na elaboração da chamada “Agenda Perdida”, com
propostas para a retomada do crescimento econômico. Após dois anos no
governo, o executivo ensaiou uma saída no ano passado, mas decidiu atender a
um pedido de Palocci para sanear o IRB e tentar diminuir os efeitos da crise
provocada pelas irregularidades na instituição. Assumiu afastando
praticamente toda a diretoria.
Fonte: O Estado de São Paulo