Mapfre Re chega ao mercado para atuar com independência
Diferente da avaliação inicial de alguns especialistas, a Mapfre Re do Brasil não dará prioridade nem condições especiais para riscos da seguradora do grupo. Recém-autorizada a operar no mercado local de resseguros do País, a empresa busca consolidar suas operações na América Latina fechando negócios com concorrentes diretas da Mapfre Seguros.
O espanhol Bosco Francoy, que deixou a filial chilena para assumir a resseguradora brasileira, faz questão de ressaltar que a Mapfre Re chega ao mercado para oferecer mais opções para as seguradoras fazerem suas operações de seguro do seguro. “Somos Mapfre de nome, mas trabalhamos de forma aberta, estamos no Brasil para atender a todo o mercado. Obviamente vamos trabalhar com a Mapfre, mas o mercado em geral faz parte da nossa sobrevivência e estratégia”, enfatiza Francoy. Segundo ele, nos 16 países onde a resseguradora atua, 65% dos riscos assumidos são “não-Mapfre”.
O executivo reforça que não haverá conflitos por conta do aspecto de concorrência. “Trabalhamos há muito com seguradoras concorrentes da Mapfre. Não misturamos informações de resseguros”, garante. O executivo Ricardo Mariano, um dos responsáveis pela aceitação da Mapfre Re no mercado local ao lado de outras três resseguradoras, acrescenta que resseguradora e seguradora possuem sedes diferentes.
Para o especialista em seguros Osvaldo Lopes, da corretora Quorum, a postura será bem recebida pelo mercado. “Não é normal, mas será importante para consolidar o mercado aberto. Seguradoras buscam apoio da resseguradora do mesmo grupo para a facilitar a colocação de risco, como é o caso de Federal e Chubb”, avalia Lopes.
A Mapfre Re recebeu sinal verde da Superintendência de Seguros Privados (Susep) na semana passada e é a 4 resseguradora na ativa classificada como local, que detém preferência de 60% das operações e tem liberdade para trabalhar com as resseguradoras dos outros níveis (admitido e eventual) e corretoras. A aprovação levou seis meses para sair, e, mesmo com o aval da autarquia reguladora, a Mapfre Re eventual manterá um escritório de representação no País para manter os negócios com empresas não cadastradas no País. “O Brasil faz parte de um projeto de consolidação na América Latina. Temos um plano ambicioso, mas prudente”, conta Francoy, que espera fechar o primeiro negócio nas próximas semanas.
Fonte: Gazeta Mercantil