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Mais de 80% das seguradoras podem ficar sem cobertura

Se por um lado a abertura do mercado de resseguros pode baratear os preços tanto para as seguradoras quanto para as empresas que dependem de seguro, por outro, o processo burocrático, com novas tributações e contratos, além de novos produtos para o mercado, fará com que menos de 20% das seguradoras consigam cobertura em um primeiro momento.
Segundo o diretor executivo da J. Malucelli Re, Luis Alberto Pestana, de 120 seguradoras, apenas 20, cerca de 17%, vão conseguir renovação de seus seguros com as resseguradoras devido ao desconhecimento de contratos e do resseguro. Ele participou ontem da conferência “Resseguros Brasil 2008”, em São Paulo.
Na visão da J. Malucelli, primeira resseguradora privada a atuar como local em junho deste ano, a abertura do mercado trará mais trabalho às seguradoras, já que antes, o IRB-Brasil Re fazia as subscrições de riscos, regulava sinistros e contas das seguradoras. A partir de agora, as seguradoras vão ter que criar seus próprios manuais com essas informações.
Segundo o vice-presidente da Aon Risk Services, Marcelo Homburger, os preços do mercado tendem a reduzir devido a concorrência. O vice-presidente também salienta que as seguradoras devem passar informações de qualidade o mais cedo possível para a renovação de contrato. “A demora para renovação pode deixar a seguradora sem cobertura”, diz. Para ele, a tendência das seguradoras é evitar perdas com riscos normais ou esperados e prover novas coberturas. “A lei prevê importante proteção ao segurador contra o risco de solvência da seguradora, ao permitir o pagamento direto dos resseguradores aos seguradores”, explica.
De acordo com o presidente da ACE Seguros, Marcos Couto, as seguradoras terão que atuar como players e criar novos produtos para entrar na concorrência. Para ele, muitas seguradoras desconhecem como começar um resseguro. Desse modo, os contratos que forem renovados com atraso correrão o risco de não conseguirem cobertura. As seguradoras precisam oferecer informações mais adequadas sobre riscos e escolher criteriosamente seus parceiros para conseguir melhores condições de custos no mercado ressegurador. “A desculpa IRB acabou. Não se repassa mais a culpa do que não se pode mudar para o ressegurador”, afirma Couto. Segundo ele, é preciso viabilizar novos produtos e distribuir melhor os riscos e, caso não interesse a uma resseguradora, é possível transformá-los em facultativo, por exemplo. “A padronização acabou. Haverá mais diversificação na oferta de cláusulas. Devemos utilizar as cláusulas internacionais ainda não praticadas e nos concentrar para oferecer risco específico”, diz. “Consumidores prestigiam oferta especializada”, completa.
Devido a grande parte de seu mercado segurador ser de grande risco, a ACE vai começar a atuar nas três modalidades de resseguro: local, admitido e eventual. “Hoje a regra de solvência é mais forte. O ressegurador terá que dobrar seu capital, principalmente com securitização”, finaliza.
Segundo o advogado da Demarest & Almeida, João Marcelo dos Santos, ainda não existem definições claras sobre a tributação para o novo mercado. “É preciso que haja intervenção para facilitar a forma tributária”, afirma o advogado. Para ele, as leis brasileiras aplicáveis no mercado de resseguro permitem que as partes acertem seus contratos de maneira tranqüila. “A lei brasileira traz conforto para as seguradoras”, diz. Porém, as seguradoras devem ficar bastante atentas aos contratos, pois a responsabilidade será da seguradora. “Criar áreas ativas para a formalização do contrato é essencial”, afirma.
Operação local
Pestana acredita que o grupo terá uma rentabilidade cinco vezes maior ao ampliar sua atuação como ressegurador local. Para ele, a vantagem de atuar assim é canalizar a necessidade que a J. Malucelli seguradora tem e colocar 100% em sua resseguradora. “Ao passar a cota para a J. Malucelli Re, já completamos toda a cota obrigatória como resseguradora local. Assim, podemos negociar contrato de retrocessão com todo o mercado”, explica Pestana. Segundo ele, outra vantagem é que as seguradoras são obrigadas a negociar primeiramente com as resseguradoras locais. O Paraná banco junto com a J. Malucelli seguradora entrou com R$ 70 milhões de aporte para abrir a resseguradora. “A rentabilidade é ótima. Em junho já tivemos três vezes o que havíamos pretendido. Portanto, em três anos teremos o pay back [retorno]”.

Fonte: DCI OnLine

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