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IRB pronto para a abertura, segundo seu Presidente

Giuliana Napolitano
Em entrevista à EXAME, Eduardo Nakao afirma que a estatal de resseguros está ´´praticamente preparada´´ para competir num mercado aberto
O economista Eduardo Nakao assumiu, no último dia 18, a presidência do IRB Brasil Re, estatal que detém o monopólio do resseguro no país. Ele substituiu o também economista Marcos Lisboa, que pediu demissão antes de ter completado um ano no cargo, logo após a saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. Ex-presidente da BB DTVM, a administradora de recursos do Banco do Brasil, Nakao era diretor financeiro do IRB antes de assumir a presidência da estatal. Agora, sua principal missão é continuar a série de mudanças que começaram a ser colocadas em prática por Lisboa para preparar a estatal para a abertura do mercado já que tramita no Congresso um projeto de lei que prevê o fim do monopólio do ressegurado no Brasil. E ele garante que é o que vai fazer. “Daremos continuidade ao projeto de deixar o IRB e o mercado brasileiro prontos para a abertura quando ela for aprovada pelo Congresso”, disse o executivo, em entrevista à EXAME, por escrito.
Revista EXAME: O projeto de acabar com o monopólio estatal do IRB continua?
Eduardo Nakao: Sim. Além do Brasil, apenas Cuba e Costa Rica mantêm o monopólio estatal do resseguro. China e Índia, países com economia de escala similar ao Brasil, também estão abrindo seus mercados. Isso ocorre porque a característica inerente ao resseguro é a divisão de risco entre várias empresas, tornando natural que um mesmo negócio acabe sendo novamente dividido mundo afora.
EXAME: Quando o sr. acredita que o projeto de abertura será aprovado pelo Congresso?
Nakao: O Congresso Nacional é soberano. Além disso, é natural que projetos desse porte tenham discussão prolongada.
EXAME: Quais serão as conseqüências mais prováveis da quebra do monopólio do IRB para o mercado segurador? Comenta-se, no mercado, que algumas seguradoras, principalmente as de menor porte, sobrevivem apenas graças a repasses feitos pelo IRB. O senhor concorda?
Nakao: As pequenas e médias seguradoras são um nicho em que o IRB poderá se especializar. Nos Estados Unidos, há especialização em todo o mercado financeiro, que é formado por nichos de atuação. Há instituições para todos os portes e tipos de clientes.
EXAME: Existe algum plano de privatizar o IRB, como havia no governo anterior?
Nakao: O projeto de lei (que tramita no Congresso) é claro: prevê a abertura do mercado.
EXAME: Como o IRB passará a funcionar quando não houver mais monopólio?
Nakao: Será uma empresa concorrente e competitiva. O IRB Brasil Re tem vantagem comparativa no mercado. Pelos 67 anos de monopólio, a empresa e seus funcionários já conhecem como o mercado se comporta, suas sazonalidades e características específicas. O IRB conhece seus clientes de longo relacionamento e por isso tem a confiança sedimentada desses clientes. Além disso, os arquivos do IRB e o conhecimento adquirido pelos seus funcionários ao longo desses anos são bens muito preciosos, que estão sendo preservados e aprimorados. Nesse sentido, o que estava faltando ao IRB era dotar a empresa de técnicas e mecanismos disponíveis no mercado externo. Um desses pontos de mudança foram técnicas de compliance, implantadas na empresa para nivelá-la aos patamares de eficiência já existentes no exterior. Também foi criado o setor de pesquisa e priorizado o de estratégia. As práticas adotadas atualmente no IRB-Brasil Re são também práticas difundidas por todo o mercado. Podemos considerar que já temos quase implantada a prática concorrencial no Brasil. Permitimos a cotação no exterior (feita diretamente pelas empresas, e não mais por meio de corretores indicados pelo IRB). Garantimos, assim, o poder de escolha do cliente e a total transparência das operações. Também passamos a permitir que a seguradora, que é o cliente final do IRB, escolha o intermediário (corretor) que participará da operação. Afinal, quem paga pelo serviço tem o direito de escolher com quem trabalhar. Todo esse movimento de adaptação da empresa vem sendo desenvolvido desde o ano passado para que, quando a abertura for implantada no Brasil, o IRB e o mercado brasileiro estejam preparados. A empresa está praticamente pronta para essa realidade.
EXAME: As mudanças que estavam sendo implementadas por Marcos Lisboa continuam? Por exemplo, aquela que permitiu que as empresas negociassem diretamente, e não via IRB, com resseguradores estrangeiros?
Nakao: Eu vim trabalhar no IRB Brasil Re junto com o Marcos Lisboa e por conta do projeto de abertura. Assim, todas as mudanças implementadas até agora visam à abertura de mercado e não há por que não serem mantidas. Além disso, continuaremos implantando melhorias na empresa de forma a dar continuidade ao projeto de deixar o IRB e o mercado brasileiro prontos para a abertura quando ela for aprovada pelo Congresso. É importante que o mercado esteja pronto para não haver nenhum sobressalto ou incerteza quando a abertura chegar por lei.
EXAME: Existem outras mudanças sendo discutidas?
Nakao: Há medidas que serão implantadas para continuar o processo de preparação do mercado para a abertura e serão introduzidas este ano sim. Mas não posso adiantá-las. Serão anunciadas quando chegar a hora de cada uma delas.

Fonte: Exame

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