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IPO da BB Seguridade é suspenso e assusta investidor

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) surpreendeu o mercado ontem ao suspender, por 30 dias, a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da BB Seguridade Participações, empresa de seguros, previdência e capitalização e corretagem de seguros da qual o Banco do Brasil (BB) é acionista controlador. De acordo com comunicado da autarquia, a suspensão deve-se à “utilização de materiais publicitários irregulares na divulgação da oferta”, sem detalhar as irregularidades que a levaram a tomar tal decisão.
Para especialistas, notícias como estas abalam a credibilidade da companhia e podem, até, afastar pequenos investidores da operação. “Investidores de varejo ficam inseguros e receosos em participar de uma oferta suspensa pela CVM. Mas notícias como estas não deveriam fazê-los desistir de participar da oferta”, afirma Rodolfo Amstalden, analista da casa de análise independente Empiricus.
Miguel Daoud, diretor da Global Financial Advisor, concorda que é possível que pequenos aplicadores desistam de adquirir ações da BB Seguridade, já que o mercado de capitais é pautado pela credibilidade e, uma vez perdida, é difícil recuperála. “O fato em si não é um problema para quem quer participar da operação. Não estamos falando em uma fraude ou algo similar, mas sim em uma conduta irregular na divulgação de material publicitário pela companhia”, completa.
A Superintendência de Registro de Valores Mobiliários (SRE), da CVM, tomou tal iniciativa no final da última sexta-feira. Em nota, a autarquia disse esperar que, durante o prazo de suspensão do IPO, “os vícios que a motivaram a suspender a operação sejam sanados, sob pena de cancelamento da oferta”.
Já Ricardo Almeida, professor de finanças do Insper, acredita que os pequenos investidores não sejam sensíveis a esse tipo de notícia. “Em 30 dias, quando as corretoras retomarem o processo de reserva de ações, os investidores de varejo estarão presentes”, acredita.
Independentemente da participação de pequenos investidores na operação ou não, Amstalden acredita que a suspensão pode ter um lado bom. “Ironicamente, essa suspensão pode ser positiva para a oferta. A bolsa de valores brasileira está em seu menor patamar desde julho do ano passado – e os investidores estão fugindo de ativos de maior risco. É possível que, em um prazo de 30 dias, o mercado acionário esteja mais calmo, o que levaria os investidores a demandarem mais ações da empresa”, pondera o analista da Empiricus.
Venda bilionária – O IPO da BB Seguridade é bastante aguardado pelo mercado por dois motivos principais: o setor de atuação da companhia está em alta, e pelo volume bilionário. É um case único no mercado brasileiro, porque combina operações de seguro com corretagem de seguro. “A BB Seguridade ganhará tanto com emissão de prêmios quanto com corretagem de seguro, segmento o qual as margens são bastante elevadas”, afirma Amstalden.
Ainda segundo o analista, é possível apontar boas seguradoras e boas corretoras que atuam no país, porém não há uma empresa com uma sinergia igual a da BB Seguridade, ainda mais com a escala e capilaridade que podem ser alcançadas em função das agências bancárias do Banco do Brasil.
Quanto ao volume, a oferta de ações da BB Seguridade pode transacionar mais de R$ 12 bilhões, de acordo com o prospecto preliminar divulgado no início do mês. Se os valores forem confirmados, esse será o segundo maior IPO do mercado brasileiro, perdendo apenas para oferta pública inicial de units do Santander Brasil, cuja quantia levantada foi de R$ 14 bilhões.
O período de reserva das ações da BB Seguridade começou na quarta-feira passada e iria até o próximo dia 22, com a fixação do preço prevista para 23 de abril e o início dos negócios previstos para dia 25.
Representantes do Banco do Brasil, acionista responsável pela venda das ações da BB Seguridade, e da CVM, não quiseram comentar o assunto.

Fonte: Brasil Econômico

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