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Investimentos: Gigantes mundiais começam a chegar ao mercado brasileiro

O Brasil entrou pra valer na rota dos maiores fundos de private equity (carteiras que compram participações em empresas) do mundo. Além do Carlyle Group, o maior do planeta em volume de investimento, que desembarcou em São Paulo no primeiro semestre, outros fundos estrangeiros pesquisam oportunidades aqui. Entre eles, o americano Cartesian e o inglês Actis. O país está atraindo ainda vários fundos de hedge que também se aventuram no mercado de private equities, como o Millenium e a MaxCap.
Somente o Carlyle tem um total de US$ 75,6 bilhões em patrimônio. Desde sua fundação, em 1987, já aplicou US$ 32,5 bilhões em quase 700 negócios. A atuação na América Latina é recente. Os negócios estão concentrados na Europa, América do Norte e Ásia.
Além do Carlyle, o aquecimento do mercado brasileiro está atraindo até empresas de investimentos que não têm apenas operações de private equity em seu DNA. É o caso da Marathon Asset Management. A gestora de recursos tem patrimônio de US$ 9 bilhões. Sua atuação é focada em empresas que necessitam reorganizar os negócios antes de tentar retomar uma rota de expansão. A recém-criada MaxCap Partners, de Londres, também tem atuação parecida e está de olho na forte movimentação vista no Brasil.
A Marathon e a MaxCap, segundo fontes do setor, têm um viés de fundo de hedge e fazem alocação “oportunista” para private equity. “Vários fundos assim têm buscando negócios no Brasil, mas não chegam a montar acampamento aqui”, disse uma fonte do setor. Esses fundos vêm de Nova York ou Londres, ficam alguns dias trabalhando em um ou dois negócios aqui, animados com as perspectivas de rentabilidade, depois somem e voltam em seguida, quando aparece outra oportunidade mais rentável.
Entre outros exemplos de fundos assim estão o Millenium (que liderou o grupo de fundos que investiu na companhia aérea BRA) e o Eton Park (que participou de vários negócios com as gestoras Tarpon e GP, além da abertura de capital da própria GP).
Há ainda o Cartesian Capital Group, fundado há dois anos por um time de executivos originários do AIG Capital. Este é um private equity “puro” e já participa de reuniões para os primeiros negócios no país. Por fim, há o inglês Actis, que montou escritório em São Paulo e pode investir até US$ 300 milhões.
Com tantos participantes potenciais – que inclui também várias gestoras nacionais, que estão apenas esperando o melhor momento para começarem a atirar (como JGP, Mauá, Pólo e a Polux) – será difícil, nos próximos meses, o mercado de private equity no Brasil mostrar sinal de marasmo. Mas o que vem acontecendo aqui é algo que há tempos ocorre nos Estados Unidos.
Pesquisa da Ernst & Young, obtida com exclusividade pelo Valor, mostra que as transações conduzidas por fundos de private equity representaram 30% do total de negócios ocorridos no mundo, nos seis primeiros meses deste ano. De um total de US$ 2,6 trilhões em operações de fusões e aquisições, US$ 771 bilhões foram movimentados por estas carteiras. Considerando apenas os Estados Unidos, as operações de aquisição de controle alcançaram US$ 197,3 bilhões, quase 80% a mais do que em igual intervalo de 2006.
Carlos Asciutti, sócio diretor da Ernst & Young especialista nesse ramo, destaca a disposição para investimento nessas carteiras. As companhias focadas em gestão de participações captaram, só no primeiro semestre deste ano, US$ 143,8 bilhões nos Estados Unidos- volume bastante próximo aos US$ 197,6 bilhões levantados em todo ano passado. Os fundos brasileiros captaram R$ 13 bilhões, um recorde. Vale destacar que 38% das empresas americanas que conseguiram sair de uma situação de falência contaram com recursos de private equities.
Asciutti explica que o histórico de sucesso do modelo de private equity vem atraindo cada vez mais recursos de investidores que, comumente, são mais avessos ao risco. Os fundos de pensão estão ampliando a fatia dedicada a esse segmento, tido como de maior risco. A pesquisa da Ernst & Young mostra que quase 39% das aplicações nesses portfólio vieram de fundos de pensão, ante 32% em 2005.
Aqui no Brasil, destaca o sócio da consultoria, os aportes de investidores tidos como conservadores também estão aumentando, mas ainda há muito espaço para crescer. Ele lembra as duas carteiras criadas pela Previ, num total de R$ 300 milhões, e ainda os R$ 90 milhões concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Há ainda o aumento de exposição pelos gestores nacionais que abriram capital, como a GP e a Tarpon. A Claritas, até então focada em carteiras mais agressivas, os famosos hedge funds, é mais uma que prepara abertura de capital.
Para Asciutti, o cenário brasileiro de private equity nos próximos meses será marcado pela internacionalização, tanto pela chegada de estrangeiros como pela busca de negócios fora do Brasil pelas gestoras nacionais. Apesar do otimismo, Asciutti sabe bem da diferença de porte desse setor no Brasil, ante o restante dos países. “Ainda estamos engatinhando.”
A Ernst & Young criou, há pouco mais de dois meses, uma área especifica para o mercado de private equity no Brasil. Esse segmento já tinha espaço especial nas outras unidades, mas aqui, o mercado ainda não justificava tal iniciativa. Ele conta que as transações lideradas por esses fundos representaram mais de 50% da receita total da bandeira aqui no Brasil, nos três últimos meses

Fonte: Valor

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