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Investidor foge de previdência com ações

A volatilidade que tem derrubado bolsas de valores em todo o mundo já abala as aplicações em renda variável da indústria de previdência privada brasileira. O argumento de que investimentos para garantir uma aposentadoria mais tranqüila, como o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), já não convence mais. Assustados com a trajetória cadente do mercado de ações, clientes de bancos e seguradoras com planos de previdência privada expostos à renda variável responderam por R$ 4,756 bilhões em saques e migrações desde agosto, com o agravamento da crise financeira.
Esse é o valor total dos resgates líquidos – quando as retiradas superam os aportes – de 345 fundos de PGBL e VGBL com exposição de até 49% em ações, entre agosto e novembro deste ano. Diante das turbulências do mercado financeiro, os investidores preferem alternativas mais conservadoras: no mesmo período, o total líquido captado para fundos de renda fixa públicos e privados e multimercados sem renda variável somou R$ 7,973 bilhões. Os dados compõem análise feita pelas consultorias NetQuant e Towers Perrin, cedida à Gazeta Mercantil com exclusividade.Segundo Marcelo Nazareth, sócio-diretor da NetQuant, é difícil convencer o investidor a pensar no longo prazo diante de um cenário excessivamente volátil. “Apesar de acumular resultados excepcionais nos últimos dois, três anos, os clientes entregaram quase tudo em dois, três meses. A visão de risco e maturação do investimento fica apagada na memória e quando o prejuízo surge, eles não se mostram preparados.”
O economista não vê sinais de estabilidade. “A recomendação é prudência, mas o movimento de volatilidade deve continuar e, dado o susto, as pessoas levarão um bom tempo para recuperar a confiança no mercado financeiro”, vislumbra Nazareth. Do patrimônio líquido total de R$ 105,5 bilhões dos 345 fundos avaliados pela NetQuant até novembro deste ano, 21,70% estão aplicados em renda variável.
O vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), Marco Antonio Rossi, vê as perdas com naturalidade. “É um estresse natural, quando há um maior desequilíbrio do mercado de ações registramos grande quantidade de migrações para renda fixa, as pessoas vão procurar um conforto.” Ele destaca que os clientes de previdência privada têm liberdade para mudar de planos e que as reservas da indústria de previdência privada no País estão aplicadas em quase 600 fundos, que somam R$ 140 bilhões em ativos – 90% aplicados em renda fixa.Desempenho
Somente em novembro, a captação líquida de fundos com exposição em renda variável ficou negativa em R$ 1,001 bilhão. As aplicações em renda fixa, ao contrário, somaram R$ 1,790 bilhão. O medo dos clientes em deixar o dinheiro da sonhada aposentadoria em investimentos vinculados ao sobe-e-desce da bolsa se justifica pela rentabilidade no acumulado do ano. Enquanto, os 345 fundos PGBL e VGBL de renda fixa analisados pela NetQuant e Towers Perrin tiveram valorização de 8,61% de janeiro a novembro, os planos com carga de 49% de ações recuaram 11,65% no mesmo período.
Mas nem todos os investimentos apresentam resultados negativos. A Mapfre Investimentos aparece como a primeira gestora no ranking de rentabilidade, com ganhos de 4,56% em novembro, justamente com um fundo multimercado com patrimônio de R$ 28 milhões, que possui exposição máxima em renda variável. “Obviamente que a volatilidade pressiona, a aversão ao risco cresce, mas tudo depende da venda qualificada. Apostamos em papéis de empresas com gestão profissional e com altos índices de governança e procuramos orientar nossos clientes sobre a importância em não acumular ganhos mês a mês, mas ter consistência no longo prazo”, afirma Elíseo João Vicena, diretor da Mapfre.

Fonte: Gazeta Mercantil

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