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Investidor busca na ata sinal de próximo passo do Copom

O mercado financeiro vai buscar na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) argumentos que endossem a percepção de que o Banco Central está confortável em repetir o corte de um ponto percentual da taxa Selic no encontro de maio. A ata será divulgada amanhã. Na semana passada, o Copom reduziu a taxa básica de 12,25% para 11,25%.

Apesar de alguns economistas terem interpretado, a partir do comunicado da decisão, que o BC pareceu indicar manutenção da velocidade de baixa, algumas análises sugeriram que a autoridade monetária deixou espaço tanto para intensificar quanto para desacelerar o ritmo de corte do juro básico no próximo mês. O peso que o BC dará aos fatores que compõem o balanço de riscos, portanto, servirá de subsídio para o mercado avaliar os próximos passos da política monetária.

“A partir do comunicado, parece que a ´barra´ está alta, isto é, teria de haver uma grande mudança no cenário para aumentar ou diminuir o ritmo”, afirma o economista-chefe da Quantitas Gestão de Recursos, Ivo Chermont. Para ele, também será importante que a ata traga as discussões entre os membros do Copom, especialmente sobre elementos que constam na lista de balanço de riscos destacada pelo colegiado no comunicado da decisão da semana passada.

Um dos fatores que levaram agentes do mercado a enxergar o comunicado como “neutro”, de certa forma, foi a citação dos fatores de risco, considerados simétricos. De um lado, o “alto grau de incerteza” no cenário externo pode dificultar o processo de desinflação, disse o Copom. Além disso, o comitê destacou que a aprovação e implementação das reformas, “notadamente as de natureza fiscal”, e de ajustes na economia é “relevante” para a sustentabilidade da desinflação e para a redução da taxa de juros estrutural – variável da qual depende a extensão do ciclo de distensão monetária.

Ao mesmo tempo, o Copom afirmou que o choque de oferta “favorável” nos preços de alimentos pode produzir efeitos secundários e, assim, contribuir para “quedas adicionais” das expectativas e da inflação em outros setores da economia. E a atividade pode mostrar recuperação mais “(ou menos)” demorada e gradual que o previsto.

Analistas chamaram a atenção para o fato de o IPCA projetado pelo Copom para 2018 e 2019, no comunicado, estar abaixo ou no centro da meta mesmo com a redução da taxa Selic incorporada ao modelo: de 9% para 8,5%.

Para João Ribeiro, do Nomura, esses números reafirmam a expectativa do banco estrangeiro de Selic a 8,5% no fim de 2017. “Adicionalmente, com nosso cenário de inflação bem comportada no segundo e terceiro trimestres (abaixo de 4% em 12 meses) e algum sucesso do governo na reforma fiscal, vemos riscos significativos de baixa à Selic de fim de ano”, afirmou. O Nomura espera novo corte de um ponto no Copom de maio.

O UBS, por outro lado, não descarta que o comitê deixe na ata a porta aberta para uma “mudança de curso”, caso a atividade econômica e/ou a inflação surpreendam para baixo.

Até 31 de maio, data da próxima decisão do Copom, o mercado e o BC terão conhecido o IPCA-15 de abril (próximo dia 20), a produção industrial de março (3 de maio), o IPCA de abril (10 de maio), vendas no varejo em março (11 de maio), desempenho de março do setor de serviços (12 de maio) e o IPCA-15 de maio, no dia 23.

Fonte: Valor

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