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Investidor aguarda pista sobre tamanho do alívio monetário

A decisão de política monetária do Copom desta quarta-feira é aguardada sob muitos aspectos, mas sobretudo pela expectativa – ou torcida – de que o Banco Central dê pistas mais claras sobre o orçamento do atual ciclo de distensão monetária. Desde o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado no fim de março, os mercados voltaram a se deparar com notícias benignas do lado dos preços e reduziram, assim, suas estimativas para o IPCA. Ao mesmo tempo, a atividade tem decepcionado, aumentando a urgência por alívio nos custos de financiamento. Veja os principais pontos esperados para o comunicado do Copom.

Atividade econômica: O Copom deve reiterar avaliação já trazida no último RTI de que a atividade econômica tem dado sinais mistos, mas compatíveis com estabilização da economia no curto prazo. A atmosfera no mercado, porém, ainda é de desânimo com os indicadores, o que pode abrir espaço para interpretações mais “dovish” (inclinadas a corte de juros) de citações do Copom sobre o estado da economia. Desde a divulgação do RTI, no fim de março, o mercado conheceu números da produção industrial de fevereiro, que decepcionaram ao mostrar crescimento de apenas 0,1% sobre janeiro, com ajuste, bem abaixo da taxa de 0,5% projetada por analistas. Nesta manhã saem dados do setor de varejo, que vão desapontar se revelarem crescimento abaixo de 0,5%, taxa estimada por economistas consultados pelo Valor Data.

Orçamento de cortes: A interpretação do mercado é de que o RTI foi claro ao sinalizar redução de um ponto percentual da Selic no Copom de hoje, por meio da introdução do termo “moderada” ao se referir à possibilidade de intensificação do alívio monetário. As indicações sobre o tamanho do ciclo, porém, não pareceram tão claras e podem surgir no comunicado desta noite. O colegiado pode novamente trazer discussão sobre a taxa real de juros de equilíbrio como fator que determinará a extensão do ciclo de queda da Selic. Um dos elementos que mexem com o juro real estrutural é a expectativa para as contas públicas, que pode ser textualizada no comunicado do Copom, num momento em que preocupações do lado fiscal voltaram a incomodar os mercados. Embora seja menos provável que o BC cite claramente debate sobre meta de inflação, investidores podem ler no documento referências a esse tema, que poderão vir através de referências à queda das projeções de inflação.

Projeções de inflação: A expectativa é que as estimativas do BC para a inflação venham em linha com os números publicados no RTI. No documento, o Copom indicou que o IPCA poderia ficar em 4,0% em 2017 e 4,5% no ano seguinte, tomando como base juros e câmbio informados no Boletim Focus, o que era conhecido anteriormente como “cenário de mercado”. No caso de atualização das estimativas, o Copom daria subsídios para o mercado especular sobre o espaço para os futuros cortes da meta Selic. Desde a publicação do RTI, as projeções de mercado para a inflação e a taxa básica de juros têm sido ajustadas para baixo. Nesta semana, o Focus mostrou que o IPCA esperado para 2018 ficou abaixo de 4,5% pela primeira vez após 36 semanas.

Cenário externo: O sinal de alerta com os riscos vindos do exterior é outro ponto que deve ser reiterado no comunicado do Copom. No RTI, foi enfatizado que “o cenário ainda é bastante incerto”. A autoridade monetária destacou também as dúvidas em torno da sustentabilidade do crescimento econômico global e da manutenção dos níveis correntes de preços de commodities, que podem ser reforçadas diante do aumento das tensões geopolíticas dos últimos dias. Desde a divulgação do RTI, os preços do petróleo mostraram bastante instabilidade, em decorrência do atrito entre Estados Unidos e Rússia, após ofensiva americana na Síria.

Fonte: Valor

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