Infra-estrutura eleva vendas de seguro garantia
Um bom termômetro para medir o investimento em infra-estrutura é o seguro garantia. Trata-se de uma proteção que tem se tornado uma exigência dos financiadores do projeto e também dos investidores. As apólices servem para evitar que a obra seja suspensa por motivos cobertos pelo contrato, como falta de pagamento, acidentes entre outros, bem como para indenizar terceiros por danos causados em decorrência da execução do projeto.
Só a corretora de seguros Marsh, uma das maiores do mundo, está para fechar 26 projetos. Entre os beneficiários das apólices estão financiadores como BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Caixa Econômica Federal, BBA e Banco Mundial. Esse número supera os 22 fechados durante todo o ano de 2007. “Esses projetos totalizam R$ 6 bilhões em investimento na construção de PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), termoelétricas, usinas de açúcar e álcool, além dos parques eólicos”, conta Marcelo Elias, diretor de novos negócios da Marsh.
O investimento para acompanhar o crescimento do Brasil está tão intenso que a Marsh projeta que a carteira de seguro garantia crescerá 50% em prêmios em 2008. “Muitos projetos que estamos fazendo a colocação ainda aguardam o financiamento. Mas como os resseguradores fazem exigências de uma série de documentos, temos de começar a trabalhar no contrato bem antes de ter a certeza da liberação do financiamento para não perder prazos”, explica Tatiana Moura, gerente da área de garantia e crédito da Marsh Brasil.
“Nunca trabalhei tanto na minha vida”, comemora Solange Fernandes, gerente responsável por seguro garantia da Aon, uma das maiores corretoras de seguros do mundo e principal concorrente da Marsh. Segundo ela, o crescimento tem sido impressionante, principalmente em projetos de energia e telecomunicações. “A demanda por cotações cresceu 150% do ano passado até agora”, diz. A Aon análise 45 projetos.
Solange explica que a apólice de performance bond garante a execução da obra e é a mais contratada por ser exigida nos contratos. Já as de completion bond envolvem valores maiores e acabam levando mais tempo para serem elaboradas e negociadas. Também tem como concorrentes a fiança bancária e garantias reais oferecidas pelo tomadores do empréstimo.
O faturamento das seguradoras com apólice de garantia no primeiro trimestre deste ano somou R$ 105 milhões, uma evolução de 118,5% sobre os R$ 48 milhões do mesmo período do ano anterior. A J. Malucelli, líder do setor, cresceu 90,7%, para prêmios de R$ 41,8 milhões. O interesse pelo setor vem crescendo a cada ano com a entrada de novas concorrentes, o que fez o market share da Malucelli cair de 50% no final de 2007 para 40% no primeiro trimestre deste ano. No entanto, o grupo é o único ressegurador local especializado em garantia, o que deverá lhe dar uma grande vantagem diante de suas concorrentes, uma vez que a maior parte de um risco de seguro garantia necessita de resseguro pelo valor ser muito elevado.
Entre os projetos mais importantes de infra-estrutura recentemente garantidos por apólices de seguro garantia estão a hidrelétrica Santo Antonio, do Projeto Madeira, com garantia de performance de R$ 650 milhões; o Rodoanel de São Paulo, também performance, por R$ 620 milhões. “Esta apólice foi emitida nesta semana e foi a segunda maior já emitida na J.Malucelli”, conta João Gilberto Possiede, presidente da J.Malucelli. Tem também sete lotes de concessões rodoviárias federais, cujas apólices de performance totalizaram R$ 416 milhões. A Malucelli emitiu três: BR 153, Divisa MG/SP até a Divisa SP/PR; Curitiba/São Paulo; e Curitiba/Florianópolis).
Um dos principais negócios fechados pela Marsh e garantido pela ACE foi o de completion bond para a IMPSA, empresa argentina que vai construir três parques eólicos no Ceará. A obra está orçada em R$ 455 milhões e os três parques terão uma potência instalada de 100 MW.
Fonte: Gazeta Mercantil