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Inflação do consumidor recua para 4,6% neste ano, prevê FGV

Influenciada pelo aumento da gasolina, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) encerrou a quarta semana de dezembro em aceleração, com alta de 0,33%, ante 0,24% na medição anterior. Mesmo assim, o indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV) ficou bem abaixo do registrado em igual período de 2015, quando subiu 0,88%. A descompressão entre o acumulado de 2015 e o de 2016 também foi relevante, de 10,53% para 6,18%.

A recessão é a maior responsável pelo comportamento mais tranquilo dos preços, tendência que deve se acentuar em 2017, na avaliação de Paulo Picchetti, coordenador do IPC-S. Em suas estimativas, o índice vai recuar para 4,6% neste ano, ficando apenas 0,1 ponto acima, portanto, do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,5%. Serviços, alimentação e tarifas administradas serão os principais fatores de alívio inflacionário, afirma.

“Não vejo nenhum grande fator de ameaça para a dinâmica de preços em 2017”, diz Picchetti, destacando a crise, que ainda fará o papel de segurar repasses por alguns meses. Segundo ele, mesmo que a economia volte a crescer, o que é esperado ao longo do ano, a retomada não será vigorosa a ponto de provocar pressões de demanda.

A inflação dos serviços, que mostrou resistência nos últimos anos devido à inércia, diminuiu de 14,12% para 11,88% entre 2015 e 2016 e vai recuar ainda mais em 2017, diz o economista. “Finalmente o impacto da dete- rioração do mercado de trabalho está ocorrendo no grupo dos serviços, cujo único aspecto positivo é não pressionar a inflação.” A parte de alimentação, que também já perdeu fôlego ante 2015, passando de 11,62% para 7,43%, deve seguir em desaceleração, acrescenta Picchetti. Na última semana de 2016, o grupo aumentou 0,44%, depois de ter subido 0,35% na semana anterior, o que o coordenador do IPC-S relaciona à deflação menos intensa de itens in natura. Com a estabilização de preços, a ascensão dos alimentos na comparação mensal vai continuar no começo do ano, mas não é fator de preocupação, avalia.

Por fim, Picchetti menciona que, se as promessas de algumas prefeituras de congelar tarifas de transporte público forem cumpridas, os preços regulados serão outro fator de alívio inflacionário em 2017. Em 2015, ano em que houve forte recomposição de tarifas represadas, os itens administrados por contrato chegaram a subir 32%, número que arrefeceu para 10,72% no ano passado.

Na passagem semanal, porém, a maior pressão sobre o IPC-S veio da gasolina, que subiu de 0,76% para 2,05% entre a terceira e a quarta semanas de dezembro.

No início do mês, a Petrobras elevou em 8,1% o preço do combustível nas refinarias, correção repassada normalmente às bombas, afirma Picchetti. Da alta de 0,33% do indicador na última medição, 0,06 ponto veio da gasolina, maior impacto individual sobre a inflação semanal.

Outros grupos com aumento de preços na semana foram alimentação, vestuário (0,46% para 0,73%), saúde e cuidados pessoais (0,63% para 0,71%) e despesas diversas (1,14% para 1,5%). De todos esses setores, o único que não teve a alta relacionada à sazonalidade foi o último, afirma Picchetti, influenciado por correção nos preços de cigarros.

Mesmo no caso de itens que costumam subir mais no fim do ano, como alimentação e vestuário, o economista aponta que a alta foi bem mais fraca do que a observada em igual período de 2015. “Infelizmente, grande parte disso pode ser atribuído à recessão”, diz o economista. No caso dos alimentos, as taxas foram menores no fim de 2016 do que em igual período de 2015 também devido à melhora das condições climáticas, observou.

“Em todo início de ano há incertezas sobre as chuvas, se for demais ou de menos podem influenciar os preços, mas não teremos grandes aumentos”, disse Picchetti. Em sua visão, não há nenhuma grande preocupação inflacionária para 2017.

Como fator que pode ameaçar a convergência da inflação ao consumidor ao centro da meta, ainda que pouco provável, o economista da FGV menciona somente o câmbio. O cenário externo um pouco mais adverso tende a causar depreciação no real, o que tem efeito de alta sobre os preços, afirma. “Mas a princípio não imagino que vá acontecer nada significativo”, diz.

Fonte: Valor

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