Inflação de janeiro poderá ser a mais baixa para o mês desde 94
A inflação oficial de janeiro, que será divulgada hoje, pode ter sido a mais baixa para o mês desde o início da série histórica. De acordo com a estimativa média de 23 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,42% entre os meses de dezembro c janeiro. O intervalo das projeções vai de alta de 0,36% a 0,51%.
Desde 1994, primeiro ano da série histórica, o IPCA de janeiro mais baixo foi registrado em 2007, quando atingiu 0,44%. Agora a expectativa do mercado é por uma alta ainda menor. “É um número bastante baixo para o período, caso se confirme a projeção”, diz Luiz Fernando Castelli, economista da GO Associados. Em janeiro dos últimos dois anos, o indicador chegou a ficar acima de 1%.
Uma das razões para a inflação menor são os alimentos, que vêm se beneficiando de condições meteorológicas favoráveis e devolvendo a alta cie meados do ano passado. Além disso, “a deflação de itens sensíveis ao ciclo econômico, como vestuário c artigos cie residência, deve seguir como fator de alívio”, diz o Santander em relatório.
Os preços administrados, que nos últimos anos contribuíram para a alta da inflação, também devem ter menos impacto em janeiro. A tendência é que isso aconteça principalmente “por causa cio menor aumento das tarifas de transporte público”, segundo a equipe econômica do banco UBS. Entre as poucas fontes cie pressão estão o reajuste das contas cie telefonia celular, em função de mudanças feitas na forma cie cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Ainda que fique acima do 0,3% registrado em dezembro, o IPCA de janeiro clã continuidade a um ciclo cie queda cia inflação no longo prazo. O índice encerrou 2016 em 6,29%, menor cio que os 10,67% cio ano anterior e abaixo cio teto da meta (6,5%).
Em janeiro, caso a alta de 0,42% seja confirmada, o acumulado de 12 meses cairá para 5,4%, quase um ponto percentual a menos em relação ao número final cie 2016. O UBS diz que o recuo deve ser “disseminado”, mas novamente a tendência é que os alimentos tenham papel importante nesse processo.
“Como vem acontecendo desde setembro, a queda cia inflação interanual deve ter como principal responsável a desinflação de alimentos”, avalia o Santander. A equipe econômica do banco espera que o acumulado de 12 meses no item alimentação em domicílio tenha caído em janeiro para 6,6%, depois cie registrar 16,8% em agosto.
Também na comparação interanual, o UBS destaca que “a inflação cie serviços deve desacelerar de 6,5% em dezembro para 6,2% no mês passado, refletindo a fraca atividade econômica”.
A avaliação cie consultorias e instituições financeiras é que esse processo de queda da inflação no longo prazo deve durar até o meio cio ano, aproximadamente. Depois, a tendência é que o acumulado cie 12 meses volte a subir, encerrando o ano próximo da meta, cie 4,5% ao ano, o que não acontece desde 2009.
“Com as reformas fiscais, a atuação cio Banco Central para ancorar as expectativas e as condições meteorológicas permitindo a queda dos preços de alimento, os fundamentos [de combate à inflação] estão finalmente funcionando e devem levar o IPCA para 4,5% neste ano”, diz o UBS.
Fonte: Valor