Indústria mantém previsões otimistas
As perspectivas para a indústria previdenciária são positivas para 2009, apesar da crise financeira global, que já afeta dezenas de setores da economia. O segmento previdenciário – que cresce a taxas de 20% nos últimos anos – pode repetir o mesmo índice no próximo ano, mas há fontes do setor que preferem não arriscar. “É difícil fazer previsão, mas a indústria continuará crescendo. Na pior das hipóteses o aumento ficará ao redor de 15%”, prevê Marco Antonio Rossi, diretor presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da Federação Nacional de Previdência e Vida (FenaPrevi).
A explicação de Rossi para o bom desempenho no próximo ano é o fato de a indústria de seguros no Brasil ser uma das mais solventes do mundo, além de o governo estar tomando providências para minimizar os efeitos da falta de liquidez mundial. “O crescimento da economia pode não ser o que esperávamos, mas uma elevação de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) é significativa”, diz.
O impacto da crise que começou a dar sinais em agosto, de fato, não atingiu as companhias seguradoras. Pelo contrário, o último resultado da FenaPrevi, que reúne 89 empresas do setor, divulgado na primeira semana de novembro, aponta uma captação recorde no nono mês do ano. Foram gerados R$ 2,4 bilhões, incremento de 23,2% sobre os R$ 1,9 bilhão registrado em setembro de 2007. A vedete do setor continua sendo o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) com participação de 49,4% do total de volume em depósitos, plano que não é dedutível do Imposto de Renda (IR), com alta de 28,4% no período, com R$ 1,8 bilhão.
O volume de contribuições de Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), que respondeu por 27,4% do setor, – produto apontado para quem declara IR pelo regime completo – , apresentou evolução de 8,1% no período, com captação de R$ 355,1 milhões contra R$ 328,3 milhões em setembro do ano anterior. Os planos tradicionais seguiram a mesma curva ascendente e fecharam com acréscimo de 12,8% sobre o mesmo mês de 2007 ao atingirem R$ 251,3 milhões ante os R$ 222,6 milhões computados anteriormente. Esses planos correspondem a 22,7% dos depósitos. Outros produtos de previdência (FAPI, PGRP e VGRP) captaram R$ 1,6 milhão, em comparação ao R$ 1,5 milhão verificado em setembro de 2007 e respondem por 0,38% do volume total de recursos obtidos em setembro.
As provisões – recursos acumulados pelos participantes do sistema de previdência complementar – somaram R$ 135,8 bilhões em setembro de 2008, o que representou uma alta de 20,6% em relação a idêntico mês de 2007, quando esse volume somou R$ 112,5 bilhões.
“Já esperávamos um crescimento da ordem de 20% para 2008 e isso irá se concretizar. A Bradesco deverá registrar uma alta da ordem de 23%”, diz Rossi. E completa: “Em períodos de turbulência, a pessoa pode demorar para tomar uma decisão de investimento, mas no caso da previdência, ela sabe que precisa poupar para o futuro”.
Durante um evento em São Paulo, em outubro, o Athina Onassis International Horse Show, Antonio Cássio dos Santos, presidente da FenaPrevi e da Mapfre Seguros, disse à imprensa que projeta um crescimento perto de 20% para este ano. Para 2009, ele acredita que mundialmente as empresas usarão o primeiro semestre para se adaptar à nova realidade provocada pela crise financeira. Nos seis últimos meses do ano, explicou, voltará o crescimento das economias, mas em um outro patamar.
“No Brasil, não teremos uma crise. Teremos ajustes. Crescer 3,5% é o mesmo que em 2006, quando foi o melhor ano para a indústria de seguros. E estaremos crescendo, enquanto a previsão é de recessão para países da Europa e Estados Unidos”, garantiu.
“Não temos observado nenhum movimento de saída de recursos que nos sinalize algo diferente do que vimos até agora”, informa Renato Russo, vice- presidente de Vida e Previdência da SulAmérica e diretor da FenaPrevi. A perspectiva de Russo para 2009 também é otimista. “O investimento em previdência, por ser planejado, tanto nos planos individuais como empresariais, não têm motivo para ter mudança de comportamento”, prevê. Se o raciocínio do diretor estiver correto, a tendência de crescimento deve prevalecer. “Pesquisas mostram que o último dinheiro que as pessoas resgatam para suprir suas necessidades é o da previdência privada”, conta.
Embora reconheça que não dá para medir a intensidade da crise financeira global, Russo é otimista nos seus cálculos. “Se o PIB crescer entre 2,5% e 3% o impacto será marginal. Ainda assim teríamos uma taxa de crescimento de 15%”, estima. João Batista Mendes Angelo, superintendente de produtos da Brasilprev Seguros e Previdência S/A, também acredita que a indústria previdenciária não sofrerá impactos. “O mercado até agora não deu mostras de arrefecimento”, diz. O resultado do penúltimo trimestre de 2008 comprova.
Entre os meses de julho e setembro a previdência privada alcançou R$ 7,2 bilhões, um crescimento de 10,90% em relação aos R$ 6,5 bilhões captados no mesmo período de 2007. O VGBL teve um salto de 13,18% no período, ao atingir R$ 5,4 bilhões em recursos, sobre os R$ 4,8 bilhões registrados no terceiro trimestre do ano anterior. Ainda no mesmo período, o volume de contribuições de PGBL apresentou ligeira evolução de 4,26%, com captação de R$ 1 bilhão em comparação aos R$ 982,3 milhões do terceiro trimestre de 2007.
Fonte: Valor