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IGP-DI mostra deflação recorde em abril

Quedas profundas de preços de commodities agrícolas e industriais no atacado, principalmente soja e minério de ferro, levaram o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) a mostrar deflação de 1,24% em abril, após cair 0,38% em março. Na série do indicador, foi a queda mais intensa desde julho de 1951, quando mostrou recuo de 2,40%.

Na prática, os recuos acabaram por derrubar os preços atacadistas do IGP-DI, que caíram 1,96% em abril, ante queda de 0,38% em março. Esse grupo tem peso de 60% nos IGPs. Para o Superintendente Adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros, é improvável que os próximos indicadores da mesma família mostrem quedas tão intensas. Isto porque em abril ocorreu o “auge” das retrações de preços de commodities agrícolas. Mas, mesmo sem mostrar recuos fortes como em abril, os IGPs devem continuar a ter taxas negativas nos próximos meses porque não há sinais de repiques inflacionários no atacado, varejo e construção.

A taxa ficou bem abaixo do esperado pelo mercado. A mediana das expectativas do boletim Focus, do Banco Central, indicava queda de 0,77%. Com o resultado, o IGP-DI acumula deflação de 1,13% no ano e alta de 2,74% em 12 meses.

Quadros ressaltou a magnitude da queda que, numericamente, pode ser comparada a um recuo observado na década de 50 – embora sejam indicadores relacionados as economias de duas épocas completamente diferentes. Criado na década de 40, o IGP-DI é o indicador mais antigo da fundação. Quando começou a ser apurado, tinha cesta de preços composta por menos de 100 produtos e/ou serviços. Hoje, a economia é muito mais diversificada.

Mas, nos últimos dez anos, com redução de peso da indústria da transformação na economia, a influência da produção de produtos primários na atividade econômica cresceu, e elevou a influência destes itens nos IGPs. É o caso de minério de ferro. O minério agora responde sozinho por 6,47% do total da inflação atacadista apurada pelos IGPs. De março para abril, a variação do item passou de aumento de 3,41% para queda de 9,53%. Pelo lado agrícola, a soja também conta com oferta elevada, devido à confirmação de safra recorde Brasil. Esse item sozinho representa 4,91% na inflação do atacado e mostrou aprofundamento de deflação entre março e abril, de -5,87% para -7,94%.

Mas os recuos de preços no atacado não ficaram concentrados apenas em soja e em minério. Todos os principais agrícolas apresentaram boas notícias em relação à colheita, o que eleva oferta e diminui preços. Fora da agricultura, o segmento de materiais para manufatura mostrou aprofundamento de deflação (de -1,15% para -1,50%). Também houve forte desaceleração de preços no varejo entre março e abril (de 0,47% para 0,12%).

Fonte: Valor

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