Grupo Berkley busca oportunidades no Brasil
Seguradora começa com ramo garantia, mas o objetivo é ampliar atuação com
aquisições. Bill Berkley, presidente mundial do grupo W. R. Berkley Company,
dos Estados Unidos, chega hoje ao Brasil para participar do coquetel de
inauguração das operações da Berkley Seguros Brasil, seguradora autorizada a
operar pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) com seguro
garantia. O investimento inicial foi de R$ 10 milhões.
Segundo Berkley, desde que o grupo decidiu iniciar sua atividade
internacional sempre se interessou por mercados emergentes. “Na América
Latina, a Argentina e o Brasil foram nossos ´targets´, disse em entrevista a
este jornal. Na Argentina, país com resseguro aberto e por questões de
oportunidades, o grupo iniciou suas atividades há mais de 10 anos e atua com
ramos elementares, pessoas e garantias.”
“Aqui no Brasil, após intensa prospecção, finalmente iniciamos nossas
atividades através de uma nova operação. É bom lembrar que o ´start up´ no
Brasil é inédito dentro do modelo que temos em outros países, onde iniciamos
sempre com aquisição ou associação”, disse. No entanto, nada impede que a
estratégia no Brasil mude. “O grupo pretende expandir suas atividades no
País através da constituição ou aquisição de outra seguradora”, afirmou o
presidente do grupo, que movimentou prêmios mundiais de US$ 6 bilhões em
2005.
No Brasil, a Berkley optou por operar apenas com seguro garantia por ver
nisso uma oportunidade de mercado. “É um nicho pouco explorado com bons
resultados, com forte demanda e grande potencial de desenvolvimento. A
equipe de executivos contratados, oriundos de operações em seguro garantia
também foi decisiva nessa opção”, disse. No Brasil, o presidente da
companhia é Horácio Oliveira d´Almeida e Silva. Segundo Berkley, a
expectativa nos próximos quatro anos é de ocupar uma posição de destaque no
ramo garantia, sendo apontada como referência de excelência de produtos e
serviços.
O seguro garantia ainda engatinha no Brasil, com prêmios de R$ 170 milhões
em 2005, com três empresas – J.Malucelli, UBF e Áurea – detendo 75% das
vendas. Entre 1994 e 2003, o volume de prêmios de seguro-garantia no País
apresentou um crescimento acumulado de aproximadamente 2.400% em valores
calculados em reais. Em 2004, as vendas deram um salto em razão de uma
grande apólice, do seguro da Linha Amarela do Metrô de São Paulo. No
faturamento total do mercado de seguros, o ramo responde por apenas 1%.
Os vilões do fraco desempenho do ramo são a concorrência com a fiança
bancária e a falta de cultura brasileira de comprar seguro para garantir o
cumprimento de contratos. Para 2006, as perspectivas são de crescimento,
impulsionado pelos projetos de Parcerias Público-Privadas (PPP´s).
“O seguro garantia e a fiança bancária sempre concorreram e continuarão
concorrendo neste mercado, independentemente de custos ou coberturas
oferecidas. Quanto ao aspecto cultural, estamos desenvolvendo ações
concretas voltadas para a exploração deste mercado através da
conscientização dos executivos das principais empresas, partes em contratos
privados”, disse Bill.
O resseguro é uma peça fundamental para a operação de seguro garantia, por
envolver valores elevados. “Temos a convicção de que finalmente a abertura
do mercado brasileiro de resseguros se concretizará, uma vez que o Projeto
de Lei, ora em tramitação no Congresso, não mais se atém aos critérios a
serem adotados para a privatização do IRB Brasil Re, mas sim, a aspectos
técnico-operacionais da efetiva abertura do setor.
A Berkley, em função de sua capacitação técnica e operacional, está
plenamente capacitada para operar no mercado aberto de resseguros.”
kicker: A expectativa da empresa é ganhar destaque no ramo garantia com
prestação de serviços e produtos diferenciados
Fonte: Gazeta Mercantil