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Governo aposta em retomada

O governo está apostando nos recursos do Fundo Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para estimular a economia. Para o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, a maioria dos brasileiros deve não apenas saldar dívidas, como também voltar a consumir com os até R$ 35 bilhões que devem ser injetados na economia com recursos do fundo. Isso ajudará a acelerar o processo de retomada, “que está em curso”.

Pelas contas de Oliveira, os saques das contas inativas do FGTS devem representar uma injeção de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Percentual que, somado a outras medidas, como o uso de R$ 8,5 bilhões do fundo no Minha Casa Minha Vida e o aumento do valor limite do imóvel que poderá ser financiado pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) para R$ 1,5 milhão, deve representar 0,8% do PIB.

“Esse volume dará, sem dúvida, alguma força para a retomada do crescimento, que, dentro da nossa avaliação, já está começando. O pior já passou e, agora, começamos a ver um cenário de melhora das variáveis de atividade”, disse o ministro, apostando que as famílias devem voltar às compras. “Com essa medida, haverá redução do endividamento e espaço para que as famílias voltem para suas atividades normais de consumo”, completou.

Antecedentes

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reiterou que a economia brasileira deverá voltar a crescer no primeiro trimestre, apesar do resultado ruim do consumo registrado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que encolheu 6,2% em 2016. Segundo ele, os indicadores antecedentes, como venda de papelão de embalagens e pedágios de caminhões nas estradas, estão aumentando e isso deverá refletir nos demais indicadores ao longo do ano.

Para ele, o saque das contas inativas do FGTS vai estimular a economia e os investimentos, contribuindo também para a retomada da atividade econômica. “O crescimento no fim do ano, comparado com o do início, será robusto, de 2%, e vai se refletir no emprego, na renda e na arrecadação federal”, disse.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, não tem dúvidas de que o saque do FGTS deve ajudar a melhorar as condições de liquidez da economia, mas esse dinheiro não deverá entrar todo de uma só vez, o que pode frustrar os planos de retomada do governo. “Muitos devem aproveitar o recurso do fundo para investir em qualquer aplicação que renda mais, o que não é difícil, logo não deve virar consumo novo imediatamente”, alertou ele. Perfeito criticou a forma de as autoridades fazerem benesses com dinheiro que não é delas, mas das pessoas. “O governo agora está estimulando as pessoa gastarem uma reserva que poderá fazer falta lá na frente, na hora de se aposentar”, lembrou.

Myrian Lund, professora de finanças dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), demonstra preocupação com o uso do FGTS para estimular a economia no momento em que se discute a reforma da Previdência. “O governo está preocupado apenas com o curto prazo para tentar estimular a economia, mas a geração atual tem um problema pela frente. Para conseguir ter uma renda de R$ 5 mil, precisará guardar 20 vezes a renda planejada, ou seja, R$ 1 milhão. Logo, é preciso começar a poupar o mais cedo possível, mas, infelizmente, o brasileiro não tem noção de educação financeira”, lamentou.

STF: mandado contra a reforma da Previdência

Deputados federais de oposição entraram com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a suspensão da tramitação da reforma. O relator da ação será o ministro Celso Mello. No mesmo dia, com plenário lotado e em meio a manifestações de integrantes da Força Sindical, o deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da reforma da Previdência, apresentou o plano de trabalho da comissão especial que avalia o tema. Pelas estimativas dele, o relatório final deve ser apresentado em 16 de março. Nesse período, ele propõe oito audiências públicas e um seminário internacional para discutir o assunto. A primeira audiência, com a presença do secretário de Previdência Social, Marcelo Caetano, está marcada para hoje.

Fonte: Correio Braziliense

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