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Governo adia definição da placa eletrônica

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e o governo federal decidiram rever os prazos que haviam estabelecido para dar início ao projeto de implantação de chips de monitoramento em toda a frota de veículos do país.
A expectativa era de que o chamado Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (Siniav) entrasse em funcionamento em maio deste ano, conforme cronograma estabelecido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) dezoito meses antes deste prazo. Mas segundo Mauro Vincenzo Mazzamati, coordenador geral de planejamento normativo e estratégico do Sistema Nacional de Trânsito, ainda há uma série de discussões em aberto. “Achamos que daria tempo suficiente para trabalhar nas normas e que os Detrans do país teriam prazo suficiente para publicar editais e adquirir equipamentos, mas houve atraso técnico”, comentou o executivo, durante encontro realizado ontem em Campinas (SP), onde se reuniram empresários do setor, pesquisadores e representantes do governo.
Segundo Mazzamati, o Denatran deverá divulgar em julho deste ano qual será a especificação técnica que irá orientar as aquisições que serão feitas pelos departamentos de trânsito do país.
O encontro frustrou alguns executivos ouvidos pelo Valor. A expectativa dos empresários era de que, durante a reunião, fosse divulgado detalhes da análise técnica feita em setembro do ano passado pelo Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun, de Campinas. Contratado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, o von Braun ficou encarregado de coletar as tecnologias de monitoramento de frota disponíveis no mercado para, a partir do cruzamento de informações, sugerir a que seria mais segura e apropriada para a instalação nos cerca de 43 milhões de veículos automotores do país. O Denatran, no entanto, decidiu não revelar os detalhes deste estudo, sob argumento de que ainda falta analisar critérios fundamentais do projeto, como a segurança física dos equipamentos e seu custo de implantação.
O Siniav prevê a instalação de uma etiqueta com chip em cada veículo do país. A idéia é que, quando o motorista passar por antenas espalhadas em ruas, dados do veículo sejam enviados a uma central que saberá, por exemplo, se aquele carro desrespeita o rodízio, se está com o IPVA vencido, em alta velocidade ou se foi roubado.
No momento, uma questão técnica básica divide os fabricantes de produtos de monitoramento: a necessidade de incluir ou não uma bateria na etiqueta (tag) que será colada nos veículos. Parte das empresas defende que o uso desse componente aprimora a troca de dados entre os carros e as antenas. Essa etiqueta ativa, já usada no serviço “Sem Parar”, dos pedágios rodoviários, tem capacidade própria de processamento. Tecnologia mais ou menos sofisticada, a questão que se coloca é o preço do componente. Normalmente, a opção com bateria é bem mais cara que a “etiqueta passiva”, que usa apenas um microchip simples, só ativado quando cruza pelas antenas.
Durante o debate de ontem, Dario Thober, diretor do Wernher von Braun, chegou a admitir que seria possível garantir um alto nível de segurança desejado pelo projeto trabalhando com essas etiquetas simples. Em seguida, porém, sugeriu que uma alternativa viável seria adotar, numa fase inicial, as etiquetas com bateria, fazendo uma migração posterior para a tag passiva.
Os conflitos do projeto não deverão se limitar a uma única especificação técnica. A condução do Siniav pelo Denatran tem desagradado a Associação Brasileira de Empresas do Setor de Trânsito (Abetrans) e a Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico de Trânsito (Abramcet). As entidades, diz Angelo José Barros Leite, presidente da Abetrans, pretendem mover uma ação judicial questionando, entre outras coisas, a escolha do centro de pesquisas von Braun para as avaliações técnicas. “Desde o começo pedimos espaço para debater, mas não fomos ouvidos”, diz Leite. “O que sentimos é que vem por aí um modelo importado, que deixa de lado a indústria nacional.”
De seu lado, o von Braun defende que seus estudos são independentes, baseados em análises exclusivamente técnicas. “O que estamos questionando é o andamento do processo, que precisa ser refeito”, afirma Silvio Médici, presidente da Abramcet. Juntas, diz ele, as entidades representam cerca de 50 empresas, responsáveis pela movimentação de R$ 1 bilhão por ano e aproximadamente 15 mil empregos diretos e indiretos.
Para Robert Buchholtz, gerente de negócios da Q-Free, o projeto do Siniav tem evoluído, apesar dos atrasos. “É natural que isso ocorra devido ao ineditismo da iniciativa”. O clima também é de expectativa para Sinésio Franco Fernandes, diretor da empresa Enternet. “Estamos ansiosos para que esse nó da homologação seja desfeito.” A lista de interessados no projeto inclui nomes como 3M, Firit, Freescale, Kapsch, NXP Semicondutores, Texas Instruments e Transcor.

Fonte: Valor

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