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Gestores de recursos não acordaram para riscos climáticos

A maioria dos gestores de investimentos não considera os riscos para os seus resultados trazidos pelas mudanças climáticas ao tomarem suas decisões de investimentos. Numa pesquisa com analistas de vários países, três em cada quatro disseram não levar em conta esse fator ao analisar uma companhia, disse um informe da Ceres, uma rede composta por organizações governamentais e por investidores que gerenciam US$ 8,5 trilhões em investimentos, divulgado ontem. Quase a metade deles disse que isso não é relevante no que se refere a decisões de investimento.
Fundos de pensão e governamentais, além de investidores institucionais, no entanto, estão começando a pedir aos gestores para incuir esse ponto em suas análises, de acordo com o informe. Autoridades regulatórias americanas estão buscando formas de tornar as informações sobre os riscos ambientais mais acessíveis a acionistas de todo o porte e estão considerando seriamente pedir às companhias que forneçam mais informações sobre como o aquecimento global pode afetar os lucros, disse a Ceres.
A comunidade de investimentos ainda está excessivamente focada nas performances de curto prazo das companhias, disse Mindy Lubber, presidente da Ceres. A maioria dos asset managers que responderam nossa pesquisa está ainda no primeiro degrau do conhecimento sobre as implicações financeiras das mudanças climáticas.
Os esforços para diminuir as consequências das mudanças climáticas podem gerar pesados custos para as companhias que emitem altos níveis de dióxido de carbono, a exemplo das refinarias de petróleo e das siderúrgicas, lembrou Alexis Krajeski, diretora associada de Investimento Sustentável da F&C Management. Efeitos do aquecimento global, como a elevação do nível dos mares e as tempestades mais intensas podem causar um forte impacto futuro para setores como os de seguros, Krajeski lembrou.
A executiva disse que tem mantido encontros com executivos de empresas como a Exxon Mobil para ajudar a formular estratégias para responder aos desafios trazidos pelo aquecimento global. Será que esses executivos sabem em que as mudanças climáticas vão afetar os seus negócios significativamente? Como acionistas, estamos cumprindo nosso papel encorajando-os a se preparar.
O Fundo de Pensão dos Professores da Califórnia, segundo maior do gênero nos estados Unidos, com uma carteira de investimentos de mais de US$ 130 bilhões, anunciou ontem que vai iniciar discussões formais com gerentes de investimento sobre riscos climáticos.
Jack Ehnes, diretor executivo do fundo, disse que deve ser um objetivo para cada executivo adquirir expertise sobre mudanças climáticas e adaptar a governança corporativa para englobar preocupações com a sustentabilidade. Isto é uma obrigação, disse Ehnes, numa teleconferência ontem.
Lubber lembrou que é um consenso que a mudança climática é um fato presente, que está trazendo a cada dia maiores riscos para as companhias. O Painel das Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas afirma que as nações desenvolvidas devem cortar entre 25% e 40% do que emitiam em 1990 até 2020 para existir uma chance de evitar uma possível elevação da temperatura de até 6 graus em relação à era pré-industrial.
Um aquecimento deste porte levaria a uma praticamente certa mudança climática de proporções dramáticas, disse a Agência Internacional de Energia num relatório divulgado no mês passado. Companhias, investidores e todos os demais atores do mercado de capitais precisam levar em conta inclusive as oportunidades surgidas com a economia global menos movida a carbono, que está emergindo rapidamente, disse Lubber.
A Ceres enviou questionários a 500 gestores de recursos. Oitenta e quatro deles, responsáveis por carteiras de investimento da ordem de US$ 8,6 trilhões, enviaram respostas. 71% disseram não levar em conta os riscos ambientais nas suas decisões de investimentos. 47% afirmaram que não veem riscos e oportunidades trazidas pelas mudanças climáticas.
Enquanto isso, o Congresso americano está debatendo uma legislação que obrigue as indústrias do país a divulgarem com mais transparência os seus números de emissão de carbono. Assim que esses virmos uma divulgação mais efetiva desses dados, vamos ver as consequências no preço das ações, disse Lubber.

Fonte: Jornal do Commercio

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