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Gasto maior do governo inibe atuação da iniciativa privada

Estudo feito por especialistas do Banco Central sugere que há uma relação inversa entre política fiscal e investimento privado. Quando o governo aumenta seus gastos para estimular tanto o ciclo financeiro quanto o de negócios, ele afasta o investimento privado, o que provoca uma redução no mercado de crédito.

A sugestão de que o gasto público reduzir o investimento privado é parte da conclusão do estudo, cujo tema principal é investigar as combinações ótimas de políticas monetária, fiscal e macroprudenciais que podem responder ao ciclo de negócios e financeiro. No trabalho, os especialistas partem da experiência realizada pelo governo federal no período pós-crise internacional de usar a política fiscal como forma de conter uma contração do ciclo de crédito.

O que é tido como uma resposta ótima é a combinação de políticas que gerem a menor volatilidade do PIB, inflação, taxa básica de juros e estoque total de crédito.

Os autores lembram que depois da crise financeira de 2008 o governo passou ao utilizar os bancos públicos como ferramenta de indução do crédito, conforme o setor privado reduzia a oferta de empréstimos. Também foram utilizadas ferramentas macroprudenciais, com foco em segmentos específicos como automóveis e crédito rural. Essas políticas tiveram implicações sobre a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, sobre a condução da política monetária.

Os autores partiram da pergunta: a política fiscal deve reagir ao ciclo de crédito? Os resultados propostos por um modelo dinâmico de diversas variáveis sugerem que os ganhos de implementação de uma política fiscal que responda tanto ao ciclo financeiro quanto ao ciclo de negócios são pouco expressivos se a política macroprudencial não puder reagir ao ciclo financeiro.

“Em todos os casos, a resposta fiscal ótima deve ser anticíclica no ciclo de negócios e levemente próciclica no ciclo de crédito, mas a natureza anticíclica da resposta ótima predomina”, dizem os autores na conclusão.

Outro ponto destacado pelo trabalho, que utilizou dados de 1999 até o fim de 2013, é a necessidade de se identificar corretamente a fonte do choque que se quer combater para se calibrar devidamente a direção e a intensidade das respostas.

O uso de ferramentas macroprudenciais também tem de ser avaliado com cuidado. Apesar de terem foco na estabilidade financeira, essas políticas também afetam outras variáveis. Como exemplo, o estudo cita medidas macroprudenciais expansionistas adotadas durante um ciclo de aperto monetário, que acabaram influenciando negativamente as expectativas de inflação.

O estudo “Macroprudential Policy Transmission and Interaction with Fiscal and Monetary Policy in an Emerging Economy: a DSGE Model for Brazil” está disponível no site do BC e não necessariamente reflete a opinião da autoridade monetária sobre o tema.

Fonte: Valor

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