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Gasto de brasileiros com saúde é mais que dobro da média dos países da OCDE

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, no Brasil, os gastos com a saúde privada são superiores aos da saúde pública. Demonstra, ainda, que, em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), as famílias brasileiras gastam mais que o dobro da média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), enquanto o governo gasta quase a metade. Os dados são de 2017.

Segundo o IBGE, foram gastos R$ 608,3 bilhões em 2017 com o consumo de produtos e serviços da saúde. Deste montante, R$ 354,6 bilhões foram desembolsados pelas famílias, enquanto o governo investiu R$ 253,7 bilhões.

O total gasto com saúde no Brasil naquele ano correspondeu a 9,2% PIB no país. Ao comparar essa participação com outros países selecionados, o IBGE identificou que o gasto público brasileiro (3,9% do PIB) é menor que a média dos países da OCDE (6,5%), enquanto os gastos privados (5,4%) superam em mais que o dobro a média dos mesmos países (2,3%).

Na comparação com países desenvolvidos como Alemanha, França, Japão, as diferenças da participação no PIB dos gastos privados e públicos é ainda maior – nos três países, o governo gasta mais de 9%, enquanto as famílias, menos de 2%. Na Suíça, os gastos privados chegam a 4,5% do PIB, próximo ao do Brasil, mas os do governo chegam a 7,9%, ou seja, mais que o dobro.

Os gastos das famílias incluem a compra de medicamentos, realização de exames, consultas particulares, internações e planos de saúde privados. Já os gastos do governo englobam as despesas de consumo com saúde pública, que inclui serviços prestados em hospitais e estabelecimentos públicos de saúde, além de serviços adquiridos de estabelecimentos privados.

O IBGE destacou que a despesa do governo não inclui os subsídios do Programa Farmácia Popular, que fornece medicamentos a um custo menor que o de mercado para a população. Em 2017, esse programa totalizou uma despesa de R$ 2,8 bilhões.

Outro indicador apontado pelo IBGE é o gasto per capita com a saúde, ou seja, a despesa por habitante com os serviços relacionados à saúde no país. Em 2017, o consumo per capita das famílias foi de R$ 1.714,56, enquanto o do governo foi de R$ 1.226,76 – uma diferença de quase 30%.

Para comparar este indicador com o de outras nações, o IBGE utilizou a paridade de poder de compra (US$ PPP) entre os países. Contatou-se que as as despesas per capita brasileiras com saúde são maiores do que a de países latino-americanos, como Colômbia e México, mas 2,9 vezes menores do que a despesa média observada nos países da OCDE.

Volume menor
Embora o valor gasto com saúde tenha aumentado, o volume de consumo diminuiu durante a crise, segundo o IBGE. “A partir de 2015, o crescimento do volume de bens e serviços de saúde não foi expressivo. Em 2016, houve queda de volume (1,5%), ainda que tenha ocorrido aumento de despesas em valor corrente”, destacou.

“O aumento de valor sempre supera o aumento do volume. Em 2016 e 2017, o índice de preços da despesa de consumo de bens e serviços de saúde cresceu 8,4% e 3,7%, respectivamente, demonstrando o impacto da variação de preços para o crescimento das despesas”, acrescentou o IBGE.

Ao observar o crescimento anual do volume de bens e serviços de saúde consumidos no Brasil, o IBGE apontou que a parte do governo passou de 0,1% em 2016 para 2,3% em 2017, enquanto o consumo das famílias na rede privada registrou queda nos dois anos, respectivamente de -2,8% e 0,7%.

“Se a população diminui o consumo de serviços privados ou fica descoberta de plano de saúde, por exemplo, ela acaba demandando mais o SUS”, explicou a técnica da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Tassia Holguin.

Serviços privados
De acordo com o IBGE, as despesas com saúde representaram 8,3% do consumo final das famílias em 2017. Do total gasto com saúde, 66,8% foi com serviços privados, o que inclui o gasto com planos de saúde, consultas particulares e realização de exames, sendo o primeiro de maior peso. Outros 29,9% foi com medicamentos.

“Em relação ao PIB, a despesa das famílias com medicamentos se manteve estável entre 2010 e 2017, representando cerca de 1,5%, enquanto o consumo de serviços de saúde privados avançou de 2,5% para 3,5% do PIB”, destacou o IBGE.

Aumento da participação da Saúde no PIB
A pesquisa mostrou que, entre 2010 e 2017, aumentou de 8% para 9,2% a participação no PIB do consumo de bens e serviços da saúde no Brasil. O IBGE destacou que esse crescimento foi maior entre 2014 e 2016, tendo apresentado ligeira queda em 2017. Isso indica, segundo o instituto, que em momentos de retração ou de baixo crescimento econômico, o consumo de bens e serviços de saúde tende a cair menos que o de outros produtos e serviços.

“A saúde enquanto atividade econômica não vai sofrer um baque de uma hora para outra, porque é essencial. É uma atividade pesada, relevante na economia. A indústria de automóveis por exemplo, perdeu participação durante a crise”, enfatizou a técnica da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Tassia Holguin.

A pesquisadora explicou que o crescimento da participação no PIB não indica aumento da demanda pelos produtos e serviços da saúde. Há, segundo ela, diversos fatores que podem explicar esse movimento, incluindo o aumento e envelhecimento populacional, além da incorporação tecnológico nos serviços de saúde, o que acarreta encarecimento de procedimentos.

“Em algumas áreas, a tecnologia substitui determinados serviços. Na saúde, a tecnologia vai sendo incorporada. O raio-x, por exemplo, é um procedimento antigo que continua sendo usado, nas o paciente acaba fazendo, também, outros exames de imagem mais modernos. Então, tem uma tendência de aumentos dos custos”, apontou.

Em termos de Valor Adicionado Bruto (VAB) ao PIB, a participação da saúde passou de 6,1% em 2010 para 7,6% em 2017. O maior aumento de participação ocorreu na saúde privada, que passou, no mesmo período, de 2,1% do VAB total da economia para 3%.

Na comparação com as demais atividades econômicas, o crescimento da saúde em 2017 foi de 0,8%, enquanto o das demais foi de 1,3%.

Já a variação acumulada em volume da saúde foi de 11,5% entre 2011 e 2017, contra 3,2% para o restante das atividades econômicas no mesmo período.

Empregos na saúde
Outro recorde da pesquisa mostra o peso da área de saúde no mercado de trabalho. “A saúde gera muito emprego no país”, enfatizou a pesquisadora Tassia Holguin.

Na comparação com 2010, o número de pessoas ocupadas em atividades relacionadas à saúde aumentou em 2 milhões, enquanto nas demais áreas profissionais somadas, a alta foi de pouco mais de 1,4 milhão.

Fonte: NULL

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