Mercado de SegurosNotícias

Fundos driblam crise e mantêm ganho

São Paulo, 12 de Junho de 2006 – Carteiras de ações, as mais afetadas, ainda registram rentabilidade acima de 9% no ano. A deterioração do cenário externo em maio, por conta das incertezas quanto ao rumo do juro americano, pegou de surpresa a maioria dos gestores brasileiros. O excesso de otimismo fez os fundos, principalmente os de ações, sofrerem com o movimento de realização de lucro que tomou conta das Bolsas no mundo todo. “O Brasil foi bastante afetado, porque havia um congestionamento de posições de estrangeiros, que decidiram sair”, diz o economista-chefe da Gap Asset Management, Alexandre Maia. Ele ressalta que, apesar dos arranhões, o setor continua com uma boa performance no ano.
Levantamento da consultoria Quantum com as principais categorias de fundos mostra que, com exceção das carteiras de ações, não houve perdas em maio. Muitos fundos ficaram abaixo do benchmark, mas superaram a inflação medida pelo IGP-M. E, mesmo perdendo 5,92% em maio e 1,92% neste mês, os fundos de ações com gestão ativa acumulam ganhos de 9,11% no ano, bem acima dos 5,41% do Ibovespa.
Segundo o superintendente de renda variável e multimercados da Safra Asset Management, Valmir Celestino, quando há um movimento de queda na Bolsa, todas as ações, com ou sem fundamentos, são afetadas, mas o processo de recuperação tende a ser seletivo. “Os fundos que souberam escolher as ações, vão se recuperar já no segundo semestre.” Empresas ligadas ao mercado interno são uma boa opção, na visão do gestor, por conta da queda do juro interno e expectativa de aumento do consumo.
Outra categoria importante, os multimercados tiveram retorno de 1,12% em maio, pouco abaixo do CDI (1,28%); no ano, a rentabilidade está em 6,44%, contra 6,80% do referencial. “Esses fundos acumularam uma gordura boa para suportar a volatilidade”, diz Celestino. Maia acrescenta que esse tipo de aplicação pode ganhar independente do cenário.
As carteiras de renda fixa também foram afetadas pela fuga de estrangeiros, que tinham posições em títulos públicos federais, como NTN-B (indexada a IPCA), depois da edição da MP que isentou de IR esses investimentos. Para viabilizar a saída dos investidores, o Tesouro Nacional realizou leilões de recompra desses papéis, a preços menores, forçando os fundos marcarem a mercado a perda de valor desses títulos. Os fundos Renda Fixa – Índices, que carregam papéis atrelados a inflação, tiveram rentabilidade de 0,96% em maio; no ano, ganham 6,07%.
Investidor maduro
Nem mesmo os resgates foram significativo em maio. Dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) apontam que o setor de fundos teve saídas de R$ 490,6 milhões em maio – no ano, a captação é de cerca de R$ 41,5 bilhões. Os resgates no mês foram mais que compensados pela valorização das cotas: o patrimônio líquido total cresceu de R$ 806,11 bilhões para R$ 807,45 bilhões no final de maio. No caso das carteiras de ações, a perda de rentabilidade não assustou os investidores. Pelo contrário, esses fundos captaram. “Um movimento inédito no mercado”, afirma Celestino.
A volatilidade continua. Até o final de junho, quando acontece a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), o mercado vai ficar à mercê da divulgação dos dados da economia americana. A palavra é cautela, destaca Maia.
O sócio da Bresser Asset Management, Rodrigo Bresser Pereira, não vislumbra nenhum grande movimento negativo no cenário global. Para ele, as turbulências estão ligadas mais a um ajuste de posições dos investidores globais para um cenário de juro mais alto. Ele reconhece, no entanto, que o difícil é saber quando essa movimentação vai terminar. Ainda assim, na sua visão, não é hora para fazer grandes mudanças de portfólio, como sair dos fundos de ações. “Pelo contrário, pode ser um bom momento para entrar.”
Para Maia, até que o cenário fique mais claro, a alternativa é ter baixa exposição a risco. “No longo prazo, o cenário é otimista, só que com mais turbulência no meio do caminho”, afirma. O investidor, acrescenta, terá de ter mais “paciência e estômago” para suportar a volatilidade. Para o economista, a Bolsa no longo prazo não parece ruim, principalmente para algumas ações que ficaram baratas. Ele vislumbra espaço para a queda gradual dos juros reais e também do dólar.

Fonte: Gazeta Mecantil

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?