Mercado de SegurosNotícias

Fundos de pensão assumem perdas recordes

Os fundos de pensão não cumpriram as metas de rentabilidade definidas e fecharam 2008 com queda de 1,62% – o pior desempenho da carteira registrado em 13 anos -, com rentabilidade em alta de 12,89% para renda fixa, 18,37% para os demais investimentos e queda de 27,05% para as contribuições de renda variável. No entanto, o setor ficou acima da média internacional, que atingiu uma queda de aproximadamente 20%. Os dados são da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentados durante o evento promovido pela Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
De acordo com o relatório, o superávit acumulado das entidades brasileiras caiu 51,32%, passando de R$ 76 bilhões em janeiro de 2007 para 37 bilhões em dezembro de 2008.
A participação da renda fixa nos fundos de pensão, segundo comparações feitas entre os anos de 2007 e 2008, passou de 57% para 64,8%, enquanto a participação de renda variável caiu de 36,7% para 28%. O motivo desta inversão deve-se ao cuidado para não haver maiores perdas.
Segundo o gerente de Risk Advisory Services Atuarial da BDO Trevisan, Thiago Vincoletto, este resultado não é tão grave quanto seria uma eventual quebra de entidades previdenciárias privadas diante dos problemas trazidos pelo agravamento da situação econômica internacional que atinge todas as nações desde setembro do ano passado.
Durante o evento, o senador Aloizio Mercadante disse que “os fundos de pensão no Brasil precisam sair o armário”; ele direcionou a alegação às instituições brasileiras de poupança programada para que fossem mais atuantes e com isso proporcionassem maior desenvolvimento econômico e social à população.
Na opinião de Mercadante, os fundos de pensão geralmente apresentam uma posição defensiva, uma vez que a atuação junto à sociedade ficou limitada às suspeitas e aos questionamentos sobre a gestão das instituições que não garantem por completo a segurança dos aposentados e dos trabalhadores, dado que a longevidade da população está aumentando, “os fundos de pensão têm papel primordial e estratégico no País, pois podem ser um instrumento ainda maior para a expansão econômica nacional.”
A queda de 3,8% nos ativos, que passaram de R$ 456 milhões em 2007 para R$ 444 milhões em 2008, para o gerente é natural, uma vez que as quedas significativas dos mercados financeiros, em especial das bolsas de valores, tenham tido reflexo na rentabilidade dos fundos. “Vale destacar que a situação atual do mercado pode ser vista como um momento aberto às oportunidades para investidores, podendo, assim, ajudar as fundações a montar planos estratégicos de longo prazo constituídos em bases sólidas e agora com maior probabilidade de posicionamento conservador”, explica Vincoletto.
Mercadante também ressaltou que a crise financeira internacional pode gerar novas oportunidades de negócios seguros para os fundos de pensão, tendo em vista o cenário mundial que será marcado por melhor regulação dos investimentos ou da aplicação de capitais por grupos empresariais, inclusive do setor financeiro.
As perspectivas de grandes bancos internacionais que foram fortemente atingidos por problemas nas alavancagens excessivas, referentes a aplicações em derivativos e no mercado imobiliário dos Estados Unidos, geram dúvidas no parlamentar. Como exemplo Mercadante abordou o Citibank, que teve seu valor de mercado reduzido de US$ 258 bilhões, antes do agravamento da crise no ano passado, para menos de US$ 4 bilhões há duas semanas. “Não sei se esses bancos ainda vão existir. No melhor dos cenários, eles vão levar um bom tempo para retornar ao mercado e conceder crédito”, comentou.
Mercadante defende aperfeiçoamentos regulatórios relacionados aos fundos de pensão. “Membros da diretoria e do conselho (administrativo) devem pertencer à categoria beneficiária. É preciso acabar com a intervenção dos partidos políticos de querer aparelhar os fundos.”

Fonte: DCI OnLine

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?