Fim do monopólio melhora desempenho do setor
Apesar da abertura do Mercado de resseguros no Brasil, o segmento de riscos de grande porte não apresenta grandes mudanças. Em 15 de janeiro deste ano foi sancionada a Lei Complementar 126 que regulamenta as operações de resseguro no Brasil. Já são 32 resseguradoras e corretoras de resseguro cadastradas pela (Superintendência de Seguros Privados(Susep) para operarem no mercado brasileiro.
A coordenadora acadêmica do Instituto de Gestão de Riscos Financeiros e Atuarias (IAPUC) da PUC-Rio, Fernada Chaves, afirma não ter verificado “nenhum movimento ainda de crescimento do mercado de resseguro. As estatísticas apontam que 10% dos prêmios das seguradoras de junho de 2008 estão sendo repassados a resseguro, o que está em linha com o nível histórico”.
O fim do monopólio da Instituto de Resseguros do Brasil -Re (IRB-Re) trouxe grandes expectativas ao mercado e ao segmento que opera riscos de grande porte. Esperava-se que o volume de prêmios cedidos aumentasse e que os preços caíssem com o aumento da competitividade.
O diretor técnico e jurídico da Münchener Rück do Brasil Resseguradora S.A, uma das maiores corretoras de resseguro do mundo e que opera no Brasil há 11 anos, Walter Polido, explica à Gazeta Mercantil o motivo de o mercado ainda não sentir muitas transformações. “Os riscos de grande porte já eram objeto de negociação no exterior, mesmo através do IRB-Brasil Re, via retrocessão – enquanto perdurou o monopólio do resseguro. Não há uma grande novidade, portanto.” Em relação à precificação ele afirma que “os preços também já eram balizados nos mercados internacionais, via de regra, com raras exceções”.
O livre mercado de resseguro ainda é uma novidade no Brasil mas, depois de 12 anos controlados pela IRB-Brasil Re, precisará de pouco tempo para se adaptar. Segundo Polido “em menos de dois anos, este mercado terá outra aparência, certamente.”
E, apesar das pequenas transformação sentidas, as principais características da nova realidade, segundo o diretor da Munchner Ruck do Brasil, braço nacional da alemã Munich Re, são “a liberdade de ofertas e de precificação” que “é a marca registrada, o pressuposto essencial de um mercado de ressegruo aberto, rumo ao desenvolvimento, agora também no Brasil.”
Hoje, o mercado segurador representa representa 3,5% do PIB brasileiro, e se espera crescer para 6% ou 7% até 2015. Em Londres ele representa 12% do PIB. A Europa tem 55% do mercado mundial de resseguros; os EUA tem 30% e a Ásia tem 15%.
O primeiro semestre atraiu corretoras além das previsões da Susep, mas o crescimento real verificado ainda é pequeno no segmento de riscos de grande porte. Segundo Polido este é só o começo: “O Brasil está apenas iniciando as operações em regime de livre mercado de resseguro e tem reservas legais definidas. As mudanças impactarão ainda por um determinado tempo e apenas começaram a ser sentidas.” Ou seja, o mercado promete.
Fonte: Gazeta Mercantil