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Falta conhecimento sobre mercado segurador

As pequenas e médias empresas (PMEs) são vistas pelas seguradoras como um mercado gigantesco a ser explorado nos setores de seguro de crédito interno e à exportação. No entanto, a grande dificuldade encontrada é a falta de conhecimento dos empresários sobre o assunto. Prova disso é a adesão insignificante dos empreendedores a cobertura em comparação com o mercado europeu, onde quase a totalidade das empresas possui uma apólice de seguro.
De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), o seguro de crédito interno movimentou R$ 239.000.634,38 em prêmios diretos no primeiro semestre deste ano – 6,6% a menos que no mesmo período do ano passado, quando o valor registrado foi de R$ 255.910.753,80. No total, a movimentação de prêmios em 2007 foi de R$ 513.090.349,97.
Por outro lado, a movimentação em prêmios diretos do seguro de crédito à exportação apresentou alta de 15,5% na comparação do primeiro semestre de 2007 (R$ 16.335.783,44) com o primeiro semestre de 2008 (R$ 18.874.728,67). Já a movimentação total do ano passado soma R$ 30.453.873,41.
Em busca de novos clientes, principalmente as PMEs, as seguradoras investem em produtos desenhados por nicho e na divulgação do conceito e funcionamento do seguro de crédito. Com a adesão, o segurado garante o risco de inadimplemento de seus clientes, ou seja, um prestador de serviços ou um produtor de bens, ao se utilizar do risco de crédito, garante que irá receber em caso de não-pagamento.
Outro problema enfrentado é a falta de corretores especializados no setor. Para contornar a situação, as seguradoras investem no treinamento dos profissionais. Odiretor-executivo de Garantias e Créditos da Mapfre Seguros, Rogério Vergara, ressalta que é preciso mudar a cultura do empresário e conscientizá-lo sobre a importância da cobertura que se aplica a qualquer empresa que venda a prazo. “Enfrentamos uma grande resistência do público. Existe uma utopia que o seguro é caro”, pontua Vergara.
O diretor-executivo explica que as empresas que vendem para poucas grandes empresas possuem uma forte dependência e podem até “quebrar” caso uma delas deixe de efetuar o pagamento. Já as empresas que comercializam para muitas empresas do mesmo porte sofrem com o grau de inadimplência. É aí que o seguro se encaixa. “Caso aconteça alguma flutuação no mercado, essas empresas não estão preparadas para enfrentar um alto grau de inadimplência”, alerta Vergara.
As PMEs são o principal alvo da seguradora espanhola Crédito y Caución (CyC), que enxerga no mercado brasileiro um grande potencial. Para atingir as pequenas e médias empresas, a seguradora realiza um “trabalho de formiga”, como define o presidente da CyC no Brasil, Jesús Angel Victorio Cano. Segundo ele, o seguro envolve três pilares: prevenção, indenização e recuperação.
Entre os benefícios do seguro, Canocita: permanência do fluxo de caixa no tempo, classificação de carteira de clientes, permanente acompanhamento do risco de carteira de clientes, informações de devedores, cobrança e recuperação, endosso de benefícios a um financiador e indenização dos riscos sinistrados. Ataxa do seguro varia de acordo com o setor industrial, nível de faturamento e prazo de pagamento.
A Kenwood Eletronics é uma das clientes da Crédito y Caución desde julho. Conforme o diretor Tamio Harada, a empresa sentiu a necessidade de aderir ao seguro após o início das vendas diretas no país, já que anteriormente a empresa possuía apenas um escritório de representação. Até o momento, a empresa não precisou acionar o seguro, comemora o diretor.
Em início de operação, o escritório da Kenwood no Brasil possui oito funcionários e tem planos de expansão. A metaé atingir um faturamento de R$ 30 milhões até 2010, amparado com as garantias do seguro de crédito.
Cuidados
Antes de contratar uma seguradora, é preciso analisar muito bem a apólice para conhecer as garantias, exclusões e responsabilidades da empresa, aconselha o advogado Dinir Salvador Rios da Rocha, do escritório Azevedo Sette Advogados, que também atua como coordenador e professor do Curso de Direito Securitário e Ressecuritário na Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas (GVlaw).
Rocha aponta que a legislação atual garante os riscos mínimos que a seguradora deverá cobrir. “O empreendedor nunca poderá deixar de analisar a apólice confiando unicamente na legislação aplicável, até porque ela regula somente os pontos mínimos do seguro de crédito tanto interno quanto externo”, esclarece.
Entre as características do seguro de crédito estão: participação obrigatória do segurado, globalidade das operações, limite de crédito e sigilo. Segundo o advogado, o seguro oferece a vantagem do empresário não correr riscos de créditos e precisar recorrer aos empréstimos bancários por conta de alterações no fluxo de caixa.
Em relação à desvantagem, Rocha cita a franquia, já que o segurado não pode cobrir 100% do risco de crédito. “Ele necessariamente deverá pagar uma franquia e arcar com parte daquele prejuízo”, explica.

Fonte: Gazeta Mercantil

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