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Expectativa é que a regulamentação resolva alguns gargalos do microsseguro

O mercado de seguros está preparado para atuar no microsseguro? A resposta para esta questão dividiu as opiniões entre os especialistas que participaram do seminário “Situação Atual do Microsseguros no Brasil – Visão geral dos operadores do mercado”, realizado pela Associação Paulista dos Técnicos de Seguros (APTS), nesta quinta-feira, 6 de maio, no auditório da Escola Nacional de Seguros (Funenseg).O diretor da Funenseg, Cláudio Contador, apontou a necessidade de estabelecer e manter vínculo de confiança com os consumidores de baixa renda como um dos gargalos na implantação do microsseguro. Outros dois, segundo ele, são o desenvolvimento de sistemas de produção e venda mais eficientes e a menor custo e os investimentos na formação e especialização dos profissionais que atuarão nesse segmento.Para as seguradoras e corretores de microsseguros, agentes previstos no Projeto de Lei 3.266/08, Contador defende uma formação específica. Os corretores, a seu ver, devem ser especializados e habilitados para atuar nesse mercado, passando por cursos de formação com programa específico. Nas seguradoras especializadas, ele sugere a criação de tábuas de mortalidade para o microsseguros, sistemas específicos de controles internos e novos critérios de regulação de sinistros, mais ágeis e menos burocráticos, além de controle e prevenção de fraudes e da adoção de um marketing especializado.O diretor de microsseguros da APTS e coordenador do evento, Adevaldo Calegari observou que a distribuição ainda é um obstáculo na implantação do microsseguro. Para ele, será preciso criar mecanismos que estimulem os corretores de seguros a trabalharem com microsseguro, ainda que recebam uma comissão de apenas R$ 3,00 por apólice e ainda que tenham de se deslocar por longas distâncias para efetuar a venda. “Os corretores não podem perder esse bonde, porque se perderem, o governo pega”, afirmou. PesquisasA experiência bem sucedida da Bradesco Vida e Previdência na operacionalização do microsseguro foi apresentada por seu diretor Eugênio Velasques. Ele contou que há cerca de três anos a empresa vem se preparando para atuar nesse segmento, tanto que 300 pessoas aproximadamente estão encarregadas de estudar maneiras de desmitificar o seguro tradicional.Velasques disse que a atuação da Bradesco no microsseguro se sustenta em três pilares: mercado, produtos e serviços e processos. Para mensurar o mercado, a empresa tem investido em pesquisas que apontam o perfil e as necessidades desse público. “Porque a baixa renda só investe naquilo que acredita”, disse. Já produtos e serviços priorizam, segundo ele, a inovação, adequação, diferenciais e o uso da tecnologia. “Não se pode ser um vendedor se não acreditar naquilo que se vende”, disse.Velasques informou que a seguradora fez duas pesquisas sobre microsseguros, a última delas realizada em abril, sob encomenda da CNSeg, foi batizada de “Estou Seguro”. Outra pesquisa, ainda não concluída, já revela quais os riscos que a classe de menor poder aquisitivo está mais preocupada. No topo da lista está a morte, seguida pela perda do patrimônio, perda do emprego, doenças, e, por fim, pela incapacidade e velhice. Sobre a experiência de outros países, Velasques assegurou que diferem muito da do Brasil. O microsseguro da África do Sul e da Índia, por exemplo, não tem nada ver com o do Brasil, segundo ele, até porque, informou, nesses países não existe o SUS. Portanto, para o diretor da Bradesco a única experiência estrangeira válida ao Brasil poderá ser na regulamentação e no uso da tecnologia. Velasques manifestou sua preocupação com a forma de regulamentação do microsseguros, pois acredita que o órgão regulador do mercado ainda não tenha a exata noção sobre os impactos desse seguro. Para ele, o regulador deve atentar para algumas questões, como a impossibilidade de as seguradoras do ramo enviarem o FIP e também sobre a forma regulação e liquidação de sinistros, que deverá ser diferenciada, sem as normais e freqüentes solicitações de documentos.Depois de apresentar as projeções em relação aos microsseguros que a empresa pretende comercializar em comunidades e favelas, ele revelou que a meta será atingir cerca de 5 milhões de apólices de até 2011.

Fonte: CQCS

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