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Evento enfatiza que longevidade exige o autocuidado

Quem vai cuidar de você quando envelhecer? Essa foi uma das perguntas mais intrigantes levantada pelos especialistas em longevidade presentes no XVI Fórum de Longevidade da Bradesco Seguros, realizado nesta terça-feira, dia 3, em São Paulo, que teve como tema central o autocuidado: “Cultura do cuidado ao longo da vida”.

A questão foi levantada pelo médico e gerontólogo Alexandre Kalache, de 77 anos, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil e ex-diretor do Departamento de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para o especialista, há quatro pilares que são fundamentais para alcançar qualidade de vida na velhice.

O primeiro é investir na saúde, seguido pelo acúmulo de conhecimento e aprendizado ao longo da vida, participar da sociedade, e a segurança. “É preciso desenvolver a consciência de que o jovem tem de ter, no mínimo, um teto, comida no armário e algum dinheiro no bolso”, disse, reconhecendo que são temas complexos, uma vez que o Brasil envelhece “pobre”.

Ele lembra que o Brasil logo terá mais pessoas acima de 60 anos do que jovens. “Estamos com uma expectativa de vida no Brasil de um pouco mais de 77 anos para uma criança que nasça hoje. Em 1950, a expectativa de vida não passava dos 50. Nós ganhamos mais de 25, 30 anos. É uma conquista social incrível. Mas temos de trazer mais vida aos anos. Não apenas envelhecer”, frisou.

Kalache ressaltou a importância de todos se prepararem para o avanço da idade, de uma forma individual e também governos e empresas têm um papel social gigantesco no tema longevidade. “Há momentos na vida que cuidamos e outro em que somos cuidados. Estamos vivendo mais, mas não melhor. Prepare seu capital social. Nesses 16 anos do Fórum de Longevidade, a expectativa de vida avançou cinco anos. Temos de criar reservas para uma corrida que deixou de ser de 100 metros para ser uma maratona”, alerta.

Manoel Peres, presidente da Bradesco Saúde e MedService, afirmou na abertura do evento que viver tanto é uma boa notícia. Mas exige muito cuidado de todos em saúde física e mental, em educação, na criação de trabalho para os mais velhos, em reserva financeira. “Nos, do grupo Bradesco Seguros, nos dedicamos a cuidar do brasileiro desde o nascimento. Sabemos o quanto a saúde é importante para proporcionar qualidade de vida. Nosso grande empenho é contribuir para uma consciência do autocuidado para uma vida mais saudável”, disse.

Jorge Nasser, afirmou que o compromisso da Bradesco Previdência, da qual é presidente, é estar construindo produtos aderentes às necessidades dos clientes em cada ciclo da vida. “Temos orgulho de sermos o maior pagador de benefícios de pensões e aposentadorias com indenizações mais de R$ 33 bilhões no ano passado, o que aumenta a nossa responsabilidade de estarmos mais do que nunca presente na vida das pessoas”, enfatizou em conversa com jornalistas. “Desde a primeira reunião para a criação do fórum longevidade, há 18 anos, nos sabíamos que longevidade não é mais um assunto do futuro. É um assunto do presente. Pela primeira vez na história nós estamos convivendo no mesmo ambiente com sete gerações. Isso era impensável anos atrás e nos mostra que precisamos, mais do que nunca, estarmos inseridos nessa discussão com a responsabilidade de sermos uma empresa que cuida do futuro das pessoas”, afirmou Nasser.

Previdência complementar envolve educação, com conscientização da importância de poupar. E incentivos fiscais. “Nós acreditamos que a reforma que foi feita em 2019 foi a reforma possível, não a necessária. É um grande desafio, de qualquer governo e não só no Brasil como no mundo todo, a discussão de como trazer um benefício que seja legítimo para quem realmente precisa. E isso abre espaço para a previdência complementar, que veio ocupar um espaço importantíssimo. O incentivo é dado justamente pela ausência ainda de cultura da poupança de longo prazo. Então é preciso preservar os incentivos e, mais do que isso, é um desafio de toda a sociedade debater a cultura da poupança de longo prazo para de fato possamos criar uma sociedade mais sustentável”, disse Nasser.

Fernando Honorato, economista chefe do Bradesco, questionou Fabio Giambiagi, economista especialista em finanças públicas e previdência social, sobre o papel dos fundos de previdência. Afinal, em sua apresentação, Giambiagi deixou claro que depender do governo, seja para ter uma renda com a aposentadoria ou atendimento médico público, é algo cada dia mais arriscado considerando o elevado déficit público e fatores como o aumento da expectativa de vida e a queda da mortalidade infantil e natalidade. “Não vejo espaço para estímulos fiscais. Então nos resta conscientizar a população do desafio de poupar para o futuro”, disse.

O economista ainda hoje se mantém como um ativo articulador sobre a necessidade de novas reformas na previdência social. “Há uma agenda difícil pela frente. Paulo Tafner, um dos maiores especialistas na área de previdência, e eu lançaremos em breve uma publicação para dar o pontapé na discussão de uma nova reforma para a próxima década”, adiantou.

Estevão Scripilliti, diretor da Bradesco Vida e Previdência, finalizou o painel afirmando que está mais do que provado o esgotamento do sistema público de previdência social para as próximas décadas. “Nos resta a educação financeira. A previdência faz parte da solução, mas não é tudo. É um debate muito mais amplo e que exige a atenção de toda a sociedade”.

Cissa Guimarães, a atriz Bruna Lombardi, a cantora Thalita Pertuzatti, a apresentadora Xuxa, foram unânimes em afirmar que para não transformar o bônus de viver mais em um pesadelo, a dica é investir na saúde física e mental, poupar dinheiro e ter foco, força e fé para aceitar com resiliência os efeitos do tempo. Bruna, esbanjando beleza e simpatia do alto de seus 70 anos, abordou a importância do autoconhecimento para se ter qualidade de vida com o passar dos anos. “A única maneira que conheço de você se preparar para o futuro é ter um propósito. E acredito que o propósito está extremamente ligado ao autoconhecimento. As respostas que procura, estão dentro de você”, afirmou.

E seguiu sua fala nesta mesma vibração. “Qual o sentimento que mais coloca na vida? Medo, preocupação, reclamação. Quanto mais você usa tal sentimento, mais você se torna ele. Isso e o que vai criar transtornos, ansiedade e vai levar a uma saúde mental comprometida”, afirmou, sugerindo a todos a meditação como um autocuidado prioritário nesta jornada do envelhecimento. “Seja um bom gestor para o seu corpo, para sua alma e para sua energia”, recomendou a atriz e escritora. O futuro está aqui. Agora. Cheio de desafios. Inclusive de uma nova pandemia.

A médica Margareth Maria Pretti Dalcolmo compartilhou sua preocupação com a baixa procura pela vacina contra a Covid-19. Segundo ela, a população parou de se preocupar com a imunização, enquanto novas cepas estão surgindo e ameaçando, principalmente, a vida dos idosos, que receberam a última dose há mais de um ano. “Não podemos parar de alertar e dar informação à população”. Independentemente das políticas públicas, cabe em primeiro lugar a cada pessoa tomar decisões em favor do próprio envelhecimento saudável.

Principalmente quando o assunto é saúde e finanças. Ter amigos e praticar atividade física são grandes aliados para afastar as pessoas dos médicos, dos remédios e dos hospitais. Uma frase sempre dita é que a saúde não tem preço, mas tem custo. E esse custo tem crescido de forma assustadora. A boa notícia é que prevenir é sempre melhor que remediar. E só depende de nos colocarmos na nossa agenda. Como disse Bruna, o autocuidado é básico. “Para cuidar de alguém, você precisa primeiro cuidar de você”.

Kalache frisou que envelhecer vale a pena. Nem se seja para contar a sua história para contribuir com o crescimento de alguém, como aconteceu com ele próprio, com uma infância ouvindo histórias de pessoas mais velhas.    

Fonte: NULL

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