Estudo mostra que só 19% dos MEIs são bancarizados
Um estudo divulgado pelo Banco Central mostra que os Microempreendedores Individuais (MEIs) têm baixo relacionamento bancário e acesso restrito ao mercado de crédito, além de se beneficiarem relativamente pouco dos empréstimos direcionados.
Apenas 19% do universo de 8,7 milhões de MEIs registrados têm contas bancárias como pessoas jurídicas. Uma parcela ainda mais restrita, de apenas 8%, tem acesso a crédito na condição de empresa. Entre os que tomam empréstimos, 93% têm acesso aos chamados recursos livres, e apenas 7% ao crédito direcionado, de forma geral com Juros e prazos mais favoráveis.
O estudo foi feito com uma nova base de dados criada pela autoridade monetária com indicadores sobre inclusão financeira, composta por cerca de 1.600 séries. O trabalho foi divulgado durante o Fórum de Cidadania Financeira, promovido pelo BC e Sebrae em Vitória. O estudo investiga as relações com o sistema financeiro dos MEIs, um tipo de empresa simplificada para quem tem faturamento anual de até R$ 60 mil (a partir de janeiro, esse limite subiu a R$ 81 mil) e que permite o registo de apenas um empregado.
Os dados mostram ainda que os pequenos empresário tomam mais crédito na condição de pessoa física do que como pessoas jurídicas. O saldo de operações de crédito do grupo no fim de 2016 foi de R$ 4,2 bilhões, enquanto que pessoas físicas que são titulares de MEIs têm um volume de crédito 15 vezes maior, de R$ 64 bilhões. O ticket médio das operações com pessoas físicas é de R$ 2.352, maior do que os R$ 1.731 nas operações com as empresas.
“O estudo mostra que há um espaço para aumentar o acesso ao sistema financeiro nacional para as microempresas”, disse o diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do BC, Isaac Sidney.
O Sebrae já fazia uma pesquisa amostral de acesso ao sistema financeiro com microempreendedores que mostravam, de forma qualitativa, o baixo acesso ao sistema financeiro e ao crédito.
“Agora, é como se tivéssemos uma imagem de satélite, com detalhes”, disse o gerente da unidade de acesso de serviços financeiros do Sebrae, Alexandre Comin. Segundo ele, as informações permitirão um diagnóstico mais preciso e a proposição de medidas para ampliar o acesso ao crédito das micro e pequenas empresas.
O Banco Central também anunciou um novo aplicativo para celular, batizado de “BC+perto”, que permite aos usuários registrar e acompanhar o andamento de reclamações e obter relatórios oficiais. O aplicativo também vai permitir o acesso a documentos do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, como as atas de suas reuniões e o Relatório Trimestral de Inflação.
Presente ao evento, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, disse que a educação financeira contribui para a redução do custo do crédito e para a queda dos Juros estruturais. No caso do custo do crédito, a educação financeira evitaria o excesso de endividamento, reduzindo os riscos de inadimplência, um dos componentes do “spread” bancário.
Fonte: Valor