Está demorando demais
Antonio Penteado Mendonça, advogado e professor da FIA/FEA-USP e da FGV-SP, retoma a questão da abertura do mercado de resseguros. Segundo o autor, há demora na aprovação de projetos de interesse do País, até quando não tem oposição. Isso porque o Congresso emperra e não vota mais nada enquanto novos escândalos surgem. Está parado o projeto de lei que permite a abertura do resseguro, acabando com o monopólio do IRB e dando as regras ao mercado aberto. O IRB esteve na pauta da imprensa desde o começo do assunto, quando o deputado Roberto Jefferson falou pela primeira vez sobre o mensalão, e o inacreditável sistema de corrupção posto em prática por gente do mais alto escalão do governo, agora denunciados pela Procuradoria Geral da República como integrantes de uma quadrilha altamente sofisticada, interessada em sangrar os cofres nacionais para maior glória própria e a perpetuação do atual esquema no poder. Ao longo dos meses, a nova diretoria preparou o cenário para a privatização e, apesar de o projeto de lei estar pronto, como o Congresso está parado por causa dos escândalos e seus desdobramentos político-eleitorais, ninguém sabe quando será votado. A diretoria originalmente indicada para sanear o IRB já saiu, uma nova, também composta por profissionais competentes, foi empossada e, no entanto, em nível político continua tudo como antes, sem previsão para a conclusão do processo de abertura do setor de resseguros e do fim do monopólio do IRB. O Congresso está perdendo uma chance de ouro para mostrar para a população brasileira e para nossos parceiros internacionais que está trabalhando, diz o autor. Além do Congresso quem perde é o Brasil, que não pode ter uma política eficiente de proteção de riscos, pois não tem um mercado de resseguros aberto para que empresas estrangeiras tragam sua experiência para nos auxiliar em campos tão importantes quanto os seguros para o agrobusiness e o resseguro para planos de saúde privados.
Depois de longo tempo fora da mídia mais precisamente, desde a saída do ministro Antonio Palocci , a questão em torno do resseguro volta a ser abordada, desta vez em artigo de opinião publicado pelo Estadão. A abertura do mercado do setor no Brasil é o foco do texto do articulista Antonio Penteado Mendonça. Segundo ele, as denúncias de novos esquemas de corrupção contribuíram para o atraso nas votações de medidas importantes no Congresso, dentre elas a quebra do monopólio do IRB. O conturbado cenário político brasileiro dificulta o crescimento, principalmente no setor de seguros, onde as companhias estrangeiras aguardam o sinal verde para investir no Brasil, considerado um dos mercados mais rentáveis, dentre as economias emergentes. Nos últimos meses, porém, a mídia tem relatado operações de investimentos no setor, o que volta a fazer hoje a Gazeta Mercantil (ler a seguir). Reportagem de Denise Bueno, reproduzida pelo Jornal do Brasil, revela resultado de pesquisa realizada pela KPMG, em parceria com a The Economist Intelligence Unit, com 200 players das maiores seguradoras do mundo. Os executivos revelam, porém, que um mercado de resseguros ainda fechado, um marco regulatório fora dos padrões internacionais e o baixo índice de crescimento da economia são os principais obstáculos que as empresas estrangeiras têm de vencer para entrar em mercados como o brasileiro.
Fonte: O Estado de São Paulo