Espionagem britânica coletou milhões de imagens de webcam dos usuários do Yahoo
Novos arquivos fornecidos pelo ex-agente Edward Snowden ao diário The Guardian mostram que os Estados Unidos não detêm um monopólio quando o assunto espionagem. A agência de vigilância britânica GCHQ interceptou e armazenou, de acordo com os documentos, imagens de webcam de milhões de usuários da internet.
A espionagem acontecia, no entanto, com auxílio da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA). E mais: atingia até mesmo pessoas que não eram suspeitas de terem cometetido algum tipo de irregularidade. Os arquivos da GCHQ datam dos anos 2008, 2009 e 2010. Eles evidenciam que um programa de vigilância de codinome Optic Nerve coletava imagens capturas de chats do Yahoo e, depois, salvava os dados.
Em um período de apenas seis meses, em 2008, a agência recolheu imagens de webcam (incluindo conteúdo sexual explícito) de mais de 1,8 milhões de contas de usuários do Yahoo em todo o mundo. Segundo o Guardian, quando questionada pelo jornal, a empresa reagiu “furiosamente” e negou qualquer conhecimento prévio do programa.
O sistema chegou a fazer experimentos em reconhecimento facial automatizado, para monitorar determinados alvos e novos suspeitos alguma semelhança com as teletelas criadas pelo escritor George Orwell, em 1984? A intenção era interceptar suspeitos de terrorismo ou criminosos que usam múltiplas identidades anônimas na web.
“A detecção de rostos tem o potencial de ajudar a seleção de imagens úteis para mugshots ou até mesmo para o reconhecimento facial”, dizem os documentos. “As melhores imagens são aquelas em que a pessoa está de frente, com o rosto levantado.” O programa fazia um print screen a cada cinco minutos das conversas.
Em entrevista ao Mashable, Ashkan Soltani, pesquisador especializado em privacidade e segurança, disse que as pessoas não deveriam estar muito surpresas com os atos da GCHQ ou a capacidade da NSA de interceptar conversas de vídeo. “Até recentemente, a maioria dos serviços do Yahoo, incluindo vídeo, percorria a internet sem criptografia permitindo que qualquer um fosse capaz de monitorar o tráfego da rede para capturá-lo.”
Fonte: O Globo