Especialistas Defenderam Treinamento
Investimento em recursos humanos foi o tema da sexta edição do Encontro de RH – Mercado Segurador, promovido pela Escola Nacional de Seguros no dia 4 de outubro, em São Paulo. Convidados a dividir suas experiências, especialistas falaram sobre qualidade técnica, desafios para o aprendizado, diferencial da marca e melhora nas relações com o consumidor. O advogado Walter Polido, mestre em direitos difusos e coletivos pela PUC-SP e árbitro em seguros e resseguro pela Câmara do CIESP/ FIESP, alertou para a ampliação do conceito de contrato de seguro, promovida pelo Código Civil de 2002 e pelo Código de Defesa do Consumidor. “O contrato vende lealdade, transparência e honestidade. Hoje, os agentes do mercado precisam assumir mais responsabilidades, algo que é possível através do conhecimento. Admitir pessoas despreparadas é uma temeridade. O judiciário já tem uma visão avessa às seguradoras e práticas como essa acabam prejudicando nossa credibilidade”, avaliou Polido. O jurista também abordou o temor das empresas em investir no treinamento de talentos e acabar os perdendo para as concorrentes. “O empresário tem medo de investir para outra seguradora acabar roubando seus profissionais. É uma bobagem. Isso pode ser prevenido com política justa de cargos e salários”, afirmou. Em seguida à palestra de Polido, os professores Hugo Cesar Amazonas e Júlio de Carvalho mostraram como o ensino a distância pode contribuir para a estratégia de treinamento das companhias. “O ead é um caminho, e não um atalho, para massificar a educação com qualidade e suprir as necessidades das empresas”, afirmou Hugo. Segundo Hugo, o número de universidades corporativas no País subiu de dez, em 1999, para cerca de 500, atualmente, o que mostra o valor que as empresas passaram a atribuir ao treinamento. Para Júlio, as companhias optam pelo ead por ser um recurso com capilaridade regional, redução de custos, flexibilidade e rapidez nas mudanças em conteúdos. A sócia da Clave Consultoria, Andrea Krug, e a responsável pela área de Pesquisa do LAB SSJ, Isadora Marques, abordaram o diferencial gerado pela marca empregadora para os recursos humanos. Elas defenderam a importância de uma empresa saber comunicar claramente a sua Employment Value Proposition (Proposta de Valor do Emprego), que envolve os atributos valorizados pelos profissionais ao escolher uma empresa para trabalhar. Isadora acredita que a EVP é uma ferramenta para atrair e reter colaboradores de altos desempenho e potenciais, captar perfis específicos de profissionais, promover a motivação e o engajamento dos empregados, dar foco à estratégia de RH das empresas, reduzir custos em contratações e formalizar aspectos intangíveis da marca empregadora. Ela apresentou estudo da Black Circle, de 2011, que aponta que a motivação do colaborador ao iniciar em uma organização com EVP claro é de 38%, contra 9% nas que o EVP não é comunicado. Depois de um ano na empresa, os índices de motivação são de 31% e 3%, respectivamente. Andrea divulgou pesquisa das Clave e do LAB SSJ, que entrevistou 10. 103 profissionais para conhecer seus interesses e aspirações e depois ofereceu o resultado aos clientes para que ajudá-los a refletir sobre suas estratégias de atração e retenção de talentos. Entre os atributos mais importantes, foram elencados as boas perspectivas de carreira (13%), o reconhecimento e a valorização do profissional (11%) e a participação de cursos e treinamentos (10,5%). Os itens menos importantes para os entrevistados foram o ambiente divertido (0,8%), a empresa ser considerada uma das melhores para se trabalhar (1,1%) e a possibilidade de contar com gestor confiável e respeitável (1,2%). Entre as empresas citadas como “atraentes”, ocupa o topo da lista a Petrobras, seguida de Vale, Google, Coca-Cola, Natura e Unilever. A advogada Angélica Carlini, mestre em História Contemporânea e doutora em Direito Político e Econômico, explicou que o seguro não se caracteriza como um consumo por impulso e é frequentemente associado a “um mal necessário”. “O consumidor não quer comprar, na maioria das vezes não vê o retorno e não entende a terminologia técnica de seguros”, disse. “É preciso envolver todas as áreas da empresa, inclusive o RH, para defender a atividade de seguros e divulgar para a sociedade o que o nosso mercado faz. Se as pessoas são capazes de refazer suas vidas após um acidente é porque o seguro estava lá. É preciso fazer os profissionais sentirem orgulho de trabalhar com isso”, afirmou Carlini.
Fonte: Segs.com.br