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Energia é aposta para driblar crise

A Allianz já tem o caminho das pedras para se destacar em 2009, em meio a notícias de desaquecimento da economia e retração da indústria seguradora brasileira, que se acostumou a crescer a taxa de dois dígitos nos últimos anos.
Max Thiermann, o chileno carismático que dirige a gigante alemã no País desde 2004, revelou a receita que pretende seguir para atravessar os efeitos da crise financeira internacional sem abalos: utilizar a excelência técnica dos profissionais da companhia e a boa aceitação de riscos para explorar coberturas em setores que não deverão perder investimentos. É o caso de energia e infraestrutura, atividades nas quais a seguradora já é líder em apólices de riscos de engenharia, com mais de R$ 75 milhões acumulados em prêmios de janeiro a novembro de 2008.
Em entrevista à Gazeta Mercantil, Thiermann destaca que a Allianz estreará no mercado aberto de resseguro com uma companhia em nível admitido e que o diferencial para o segmento de seguro de automóveis neste ano está na estratégia de renovação de apólices.
Gazeta Mercantil – Qual sua avaliação da atuação da companhia em 2008?
Foi um ótimo ano. Finalizamos a transição da marca AGF, consolidando a nossa marca, a partir de 1 de março. A aceitação da Allianz no mercado brasileiro foi muito positiva graças ao reconhecimento internacional da seguradora e às campanhas publicitárias, com destaque para o patrocínio da F-1. Trabalhamos muito também para conscientizar corretores e funcionários. Junto com uma nova marca chega mais cobrança e novas expectativas. Alcançamos o que chamaria de crescimento interno. Tudo isso se une à abertura do mercado de resseguro um mês depois, em abril.
Gazeta Mercantil – Por que a Allianz ainda não conta com sua própria resseguradora no País.
Em 2008, tomamos a decisão de ser mais conservadores. Seguimos o diagnóstico de que o mercado aberto começaria a funcionar de maneira mais fluente da metade do ano passado para a frente; se tivéssemos feito a inscrição da resseguradora do grupo nesse período, a autorização teria saído perto do fim do ano, o que criaria expectativa desnecessária. O IRB-Brasil Re continua ainda canalizando os nossos negócios, mas numa política mais flexível e mais aberta para negociar com as novas empresas que competem com o IRB.
Gazeta Mercantil – Vocês vão abrir uma resseguradora neste ano?
Mesmo sem uma resseguradora, ressalto um aspecto importante da nossa estratégia, que foi a realização de muito treinamento. Na casa de 30 funcionários de nível médio foram para Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Colômbia participar de intercâmbio na Allianz Re, a principal resseguradora da organização. Antes da abertura do mercado, o resseguro já fazia parte do cotidiano dentro da companhia. Agora estamos pensando em ter uma resseguradora no Brasil.
Gazeta Mercantil – Qual será a estratégia?
Vai ser de categoria admitida, porque ainda não temos massa de negócios suficiente para estabelecer uma local. Nossa resseguradora não vai trabalhar com seguradoras concorrentes, somente em parceria com a Allianz para garantir capacidade ao nosso negócio.
Gazeta Mercantil – No campo dos seguros, quais são as expectativas para 2009? A crise vai atrapalhar?
Nosso crescimento no fechamento de 2008 ficará entre 20% e 21% em relação a 2007. Essa é a nossa taxa até novembro. De setembro para cá, com o agravamento da crise, o nosso negócio continua firme, crescendo nessa taxa. A instabilidade chegou no Brasil em alguns setores da economia que têm dinâmica própria, mas não nos afetou. Estamos um pouco mais conservadores para 2009. Enquanto o mercado de seguros de bens e saúde empresarial deve crescer na casa dos 8%, 9%, nós vamos avançar 17%, 18%.
Gazeta Mercantil – Isso será totalmente orgânico ou há interesse em entrar em aquisições?
A Allianz está sempre olhando oportunidades e está interessada no Brasil. Mas o grupo vê o seu portfólio de companhias em nível internacional, por isso temos que disputar o capital da matriz com outras regiões, como Índia, Paquistão, México, Indonésia. Se já somos fortes no Brasil, é provável que a matriz destine recursos para mercado onde estamos fraquinhos e precisamos crescer.
Gazeta Mercantil – Os destaques vão para quais segmentos?
Risco de engenharia. Foi o que mais cresceu, quase dobramos a produção, enquanto o mercado tem crescido a taxa de 30%. Em função da abertura do resseguro, da preparação dos nossos funcionários e da boa aceitação dos riscos temos levado vantagem. Levamos apólices de parques eólicos, projetos de energia limpa, PCHs [pequenas centrais hidrelétricas], algumas apólices do Rio Madeira, obras de plataformas, refinarias e terminais de gás natural da Petrobras. Para 2009, esses investimentos não vão parar. São feitos baseados em projeção de demanda. Uma hidrelétrica, uma PCH, um parque eólico demoram até quatro anos para ficar prontos do primeiro investimento até a entrada em funcionamento. A demanda por eletricidade pode ser menor em função das consequências da crise, por conta de um crescimento menor, mas os investimentos continuarão no setor.
Gazeta Mercantil – Você também está otimista em relação aos negócios do seguro auto, o mais rentável do mercado?
Eu dividiria o mercado em dois para traçar um cenário mais concreto: automóveis financiados e renovação. Quando o consumidor compra um carro financiado já leva o seguro. Com a perspectiva de redução dos financiamentos, haverá diminuição da venda de seguros. Nós atuamos mais com seguro auto individual e de frota de empresas, segmentos que vão sofrer menos. As pessoas vão adiar a decisão de comprar o carro novo, mas vão continuar necessitando de cobertura. Portanto, o diferencial será a renovação e retenção de clientes. Estamos com uma campanha que garante 30% de desconto na renovação de apólice, oferecemos várias vantagens para o segurado permanecer com a gente. Há quatro anos, nosso índice de renovação era de 45%, hoje está em 73%.

Fonte: Gazeta Mercantil

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