Empresários listam entraves para investimento no Brasil
A equipe econômica fez ontem mais uma ofensiva para despertar o chamado espírito animal do mercado durante o Fórum Econômico Mundial. Os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, de Minas e Energia, Fernando Coelho, e do Desenvolvimento, Marcos Pereira, e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, se fecharam numa sala com mais de 40 empresários e investidores para explicar a condução da política econômica e tirar dúvidas dos interessados no país.
Durante pouco mais de uma hora de reunião, os participantes do encontro, batizado de Business Interaction Group (BIG) do Brasil, ouviram sobre a agenda de reformas e os avanços na área fiscal e no combate à inflação. Segundo participantes, houve elogios ao país, mas também críticas.
Segundo Marcos Pereira, os empresários mostraram interesse pelo país, mas não deixaram de falar sobre o excesso de burocracia e as dificuldades das empresas em fazer negócios e pagar impostos. Meirelles reconheceu o problema e apresentou as medidas de incentivo à economia adotadas no fim do ano. Elas incluem, por exemplo, a facilitação do processo de importações e exportações.
– O prazo para que todas sejam implementadas é dezembro de 2017 – afirmou Pereira.
Os empresários reclamaram do pouco investimento do Brasil na qualificação de mão de obra e na área de tecnologia. Eles ressaltaram que o Fórum tem como um de seus principais temas a inovação e a automação da indústria, mas que isso não aparenta ser prioridade no país.
Mesmo assim, a equipe econômica saiu animada. Os empresários não falaram em cifras, mas pediram ajuda para a abertura de novos mercados e mostraram disposição em colocar recursos no país.
– Todo mundo elogiou a recuperação da economia. E mostraram que, apesar das dificuldade, querem investir no Brasil – disse Fernando Coelho.
JANOT: AMBIENTE DE NEGÓCIOS MELHOR
O combate à corrupção no Brasil chamou a atenção do Fórum Econômico Mundial, que convidou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para falar sobre seu trabalho e a operação Lava-Jato, que ele comanda. Ao GLOBO, Janot disse que a interlocução com a elite internacional pode ajudar a atrair investimentos:
– O trabalho de combate à corrupção feito pelo Brasil é reconhecido no mundo inteiro. E falar sobre isso no âmbito da comunidade econômica internacional é passar a mensagem de que a segurança jurídica é boa para economia. Ela tem por finalidade uma economia saudável, que combate o capitalismo de compadrio, a cartelização e o sistema capitalista que não tem vocação para a eficiência econômica.
Por isso, defendeu, engana-se quem acha que os investidores ficarão apreensivos em apostar no país diante da abrangência de operações como a Lava-Jato, que já dura três anos.
Fonte: O Globo