Em vez de presente, dê futuro para seus filhos com carteira de ações
Em vez de presente, dê futuro para seus filhos com carteira de ações
Com assessoria de uma corretora, é possível montar um portfólio diversificado na bolsa para os pequenos
Quando Marcos completou o primeiro ano de idade, não ganhou presente. Ganhou futuro. O pai criou uma carteira de ações e depositou R$ 10 mil e, desde então, tem feito três aplicações substanciais por ano: na data do aniversário, no dia das crianças e no Natal. Aos quatro anos emeio, Marcos já ganhou mais do que muitos adolescentes que recebem mesada. Em 2011, o ganho do portfólio com dividendos chegou a R$ 3,5 mil e, no ano anterior, foi de R$ 2,8 mil. “Investimento em ações não tem risco para crianças. Se todas as empresas quebrarem, vou ter que continuar pagando as contas, de qualquer forma”, diz o pai e educador financeiro, Mauro Calil. “Não precisa depositar muito dinheiro, a questão é salvar o dinheiro do consumo tolo. Em vez de dar uma festa de R$ 12 mil ou colocar um enfeite de porta da maternidade de R$ 5 mil, pode-se dar a chance de a criança se tornar milionária na adolescência.”
Hoje, a carteira do Marcos é mais diversificada: tem fundo de investimento imobiliário e até lançamento coberto de opções. “Isso deu uma turbinada boa. Não sei se vai dar certo, mas tudo indica que estou no caminho”, acrescenta Calil. O especialista também montou um portfólio para a sua caçula, Isabela, quando ela tinha apenas três meses. “Às vezes, me pego pensando que deveria colocar mais dinheiro para ela. Mas aí vejo que tenho que dar tempo ao tempo. É que o sentimento de pai que se mistura com o do educador financeiro”, diz. “Eles vão crescer sabendo que têm esse dinheiro. Isso vai pautar as escolhas deles-se passarem em faculdade pública vão ficar com os recursos para viajar ou fazer cursos. É questão de responsabilidade.”
A corretora Socopa fez um levantamento a pedido do BRASIL ECONÔMICO das ações que mais aparecem na carteira das crianças. Fabrício Tota, gerente de home broker, explica que existem dois perfis de portfólio. Um deles integra ativos mais conservadores, como se fosse uma “poupança em bolsa”. É composto, portanto, por empresas mais sólidas, consideradas menos arriscadas, tais como CSN, Vale, Usiminas. Tota diz ainda que não é raro encontrar ETFs (BOVA11) neste conjunto de ativos. “Nossa hipótese é que são carteiras que visam a viabilização de alguma coisa como um intercâmbio, por exemplo”, afirma.
Já no outro modelo de investimento aparecem ativos de maior risco,como companhias pré-operacionais ou que podem crescer significativamente em um horizonte maior de tempo, como a HRT e OGX (óleo e gás) e a General Shopping (GSHP3). “Neste caso, nossa hipótese é que são carteiras de pais que sujeitam parte dos recursos a um maior risco, buscando um maior retorno, uma vez que esse risco será diluído ao longo do tempo. É uma metodologia interessante do nosso ponto de vista”, acrescenta.
Augusto Sabóia, consultor financeiro, indica juntar os dois perfis, ou seja, reunir papéis de companhias que são boas pagadoras de dividendos com de empresas mais arriscado.”Com os dividendos, é possível pagar a escola e a faculdade. Já com a rentabilidade das empresas de maior risco se pode daruma boa aposentadoria para o filho”, destaca. “É importante depositar assim que o filho nascer ou fazer um aporte inicial mais alto. Isso pode ser feito com economia. Por exemplo, em vez de comprar um carro top de linha, comprar um carro sem teto solar”, aconselha. Sabóia acrescenta que, se os pais, em vez de comprarem um carrinho de bebê, colocarem o valor na previdência privada, o filho vai ter aposentadoria de R$ 5 mil ao mês – como se tivesse trabalhado por 30 anos. “Seja como for, só não se pode colocar em risco a própria aposentadoria. Não é uma boa estratégia dar boa vida para filho e passar dificuldades no fim da vida.”
Selma Lee, de 42 anos, investe em ações e quer que os filhos se interessem pelo mercado de capitais. Por isso, há três anos comprou cotas em clubes de investimento para as crianças que hoje têm seis e oito anos. “É uma aposentadoria a longo prazo. Mas, se quiserem usar parte dos recursos para fazer intercâmbio ou comprarumbem material, tudo bem.”
Há dois tipos de carteira para crianças: mais conservador, com Vale, e mais arriscado, comHRT
Fonte: Brasil Econômico