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Em maratona com empresários, Temer defende terceirização

O presidente Michel Temer fez ontem uma maratona de três solenidades com empresários em São Paulo e Rio de Janeiro, além de uma rápida entrevista coletiva. Em um dia em que a sorte de seu mandato foi discutida na sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente privilegiou a pauta econômica. Praticamente descartou estabelecer salvaguardas para as contas públicas e direitos trabalhistas em razão da terceirização irrestrita aprovada pela Câmara. Acenou com negociação na reforma da Previdência e foi otimista ao prever uma inflação abaixo da meta este ano.

Segundo o presidente afirmou na feira do setor de defesa e segurança Laad (do inglês Latin America Aerospace and Defense), no Rio de Janeiro, a terceirização sancionada com vetos pela Presidência é de uma “leveza e simplicidade extraordinárias” e não prejudica “minimamente” os trabalhadores. “Se houver necessidade de salvaguarda, nós faremos. Por enquanto, pelo que eu pude verificar no exame do projeto, não identifiquei necessidade para isso”, disse o presidente, ao lado do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB). Alvo de denúncias em um desdobramento da Lava-Jato, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), não estava presente.

Horas, antes, em São Paulo, ao ser abordado por jornalistas no “Bradesco´s Brazil Investment Forum”, o presidente afirmou que uma eventual complementação da terceirização poderia ser feita, “seja na reforma trabalhista ou por algum outro meio qualquer”, mas na pouco provável hipótese dela ser necessária, de acordo com Temer. “Tenho certeza que a terceirização vai incentivar o emprego. Não tem um prejuízo sequer para os trabalhadores”, disse. Mais adiante, afirmou: “A última coisa que o governo quer é prejudicar o trabalhador”.

O presidente sugeriu que os interessados sobre o tema leiam o artigo da Constituição que trata dos direitos sociais. “É que aqui no Brasil nós achamos que se não estiver na lei, não vale”, completou.

Temer mostrou mais transigência quando se referiu à reforma da Previdência. Segundo o presidente, o governo pretende fazer “adequações compatíveis” com o que o Congresso está pensando sobre o projeto. O presidente declarou que o Congresso é “senhor” para definir o desenho final da reforma. “Não queremos impor essa ou aquela lei, queremos é a compreensão da absoluta necessidade desta reforma, inclusive para desfazer muita inverdades sobre o déficit da Previdência”, disse.

Ao falar da economia, adotou um tom de euforia, no evento promovido pelo Bradesco. “Quem investir aqui [no Brasil] não vai se arrepender. O nosso Brasil está de volta”. Sobre inflação, destacou que a taxa cai rapidamente desde o início de seu governo e deve continuar caindo. Temer disse que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode fechar o ano entre 4,10% e 4,12%, abaixo do centro da meta do Banco Central (BC), de 4,5%. Segundo o presidente, os juros, hoje em 12,25% ao ano, terminarão 2017 em um dígito. “Tudo isso de uma forma muito responsável, paulatina e segura, diferente do passado”.

Ao longo de sua fala, o presidente afirmou que a “recessão está no retrovisor” e repetiu medidas econômicas de seu governo que estão em curso, como as mudanças nas regras do pré-sal, o novo compliance das empresas estatais e as privatizações.

Logo pela manhã, em outro evento empresarial em São Paulo, Temer reconheceu que a crise econômica atingiu “os segmentos mais vulneráveis” da população. “As crianças não foram exceção”, disse Temer durante pronunciamento realizado na abertura do “Global Child Forum”, o Fórum Global da Criança, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O evento conta com a participação do rei da Suécia, Carlos XVI, e da rainha Silvia.

Sobre o julgamento no TSE que analisa eventuais crimes cometidos por sua chapa nas eleições de 2014, o presidente afirmou limitou-se a afirmar que aguardava com tranquilidade o julgamento, em um momento em que a corte já havia decidido estender os prazos do processo. “O Judiciário fará aquilo que for melhor e aquilo que for compatível com o direito. Tenho absoluta convicção disso. Resolveram ampliar a discussão processual; é uma decisão que cabe ao TSE. Nós vamos sempre ter de estar obedientes às decisões do Judiciário”, afirmou.

 

Fonte: Valor

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