Em jantar, Alckmin diz que é candidato e descarta Doria
Num jantar promovido na segunda-feira pelo prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, o governador Geraldo Alckmin disse abertamente que será candidato a presidente pelo PSDB cm 2018 e falou, pela primeira vez diretamente, sobre os inconvenientes de uma postulaçao do prefeito João Doria, seu afilhado político. Sou candidato. Estou trabalhando para a construção desta candidatura, afirmou, sem rodeios. Num tom que pareceu aos presentes surpreendente para o sempre brando Alekmin, o governador afirmou que tem feito os mesmos movimentos de Doria de percorrer o Brasil, mas sem tanto auê e sem holofotes.
Descreveu encontros com prefeitos, governadores e políticos de vários partidos. Afirmou que, nas visitas, tem mostrado como São Paulo superou a crise hídrica de 2012. Fez uma longa explanação sobre por que avalia que tem o perfil ideal para 2018. No entender do tucano, o eleitorado vai procurar um pacificador e tranquilidade. Isso é com quem tem mais experiência, concluiu. Citou São Francisco de Assis ao dizer que se deve começar fazendo o necessário, para depois se concentrar no possível e, logo em seguida, se estará fazendo o impossível. O tucano disse que PSB, DEM e PTB já estão fechados com seu projeto presidencial. Esses já estão comigo, assegurou. E apontou uma articulação entre PMDB e PSD para lançar o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
O padrinho descartou uma candidatura de Doria. Renunciar no primeiro ano de mandato é muito difícil, vaticinou, após citar o prefeito nominalmente. Passou, então, a comparar a situação de Doria à de políticos que abandonaram mandatos para os quais haviam sido rccém-eleitos e colheram reveses futuros. Além da situação de José Serra na Prefeitura de São Paulo, ele citou outros casos de políticos que se deram mal ao fazer essa opção.
A fala foi vista como um banho de água fria no anfitrião, que sonha concorrer ao governo do Estado no ano que vem, apesar de estar no primeiro ano à frente da prefeitura de São Bernardo. Nesse quesito, AIckmin também surpreendeu pelo tom direto. Elogiou o vice, Márcio França (PSB), mas reconheceu que dificilmente o PSDB abrirá mão de ter candidato. Como bons nomes para a vaga citou o secretário de Saúde, David Uip, e o cientista político Luiz Felipe DÁvila. Alekmin se movimenta para angariar apoio dos jovens prefeitos tucanos, até aqui próximos de Doria. Alguns deles saíram de lá seguros de que o governador está na frente do prefeito na consertação partidária da candidatura. Surpreendentemente, ele foi muito firme, afirmou um dos presentes.
Fonte: O Estado de São Paulo