Dólar fecha abaixo de R$ 3,70 pela primeira vez em 5 meses
O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (17), abaixo de R$ 3,70 pela primeira vez em quase cinco meses, com os investidores de olho na trajetória de juros nos Estados Unidos e no desfecho eleitoral no Brasil.
A moeda norte-americana recuou 1,04%, vendida a R$ 3,6815. É o valor mais baixo desde o dia 25 de maio, última vez em que havia fechado abaixo de R$ 3,70, negociada a R$ 3,6651. Veja mais cotações.
Na mínima do dia, chegou a R$ 3,6645, e na máxima a R$ 3,7453. O dólar turismo fechou negociado ao redor de R$ 3,83, sem considerar a cobrança de IOF (tributo).
No acumulado de outubro, a moeda recua 8,82%. No ano, contudo, ainda sobe 11,11%.
Após passar boa parte da manhã com leves oscilações, o dólar passou a recuar devido a um fluxo pontual de ingresso de recursos, de acordo com profissionais do mercado ouvidos pela Reuters.
O mercado doméstico passou a maior parte do dia na contramão do exterior, com os investidores ainda precificando o desfecho eleitoral no final do mês.
À Reuters, o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior, disse que a moeda pode ir para os R$ 3,50 “se ficar clara a aprovação de reformas”.
O Federal Reserve (banco central dos EUA) informou nesta terça-feira (17) que planeja continuar com aumentos graduais nas taxas de juros, segundo a divulgação da ata de setembro, na qual a autoridade monetária elevou a taxa pela terceira vez este ano.
Por ora, o banco central norte-americano projeta mais uma alta dos juros uma em dezembro, três em 2019 e uma em 2020. Mas os indicadores norte-americanos recentes levaram a apostas de que o aperto possa ser mais intenso, mesmo com renovadas críticas do presidente Donald Trump, à atuação do Fed.
O Banco Central ofertou e vendeu integralmente nesta sessão 7,7 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 4,62 bilhões do total de US$ 8,027 bilhões que vence em novembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
Desde agosto, a moeda norte-americana vinha se mantendo acima de R$ 4, em meio a incertezas sobre a corrida eleitoral e também ao cenário externo mais turbulento, o que fez aumentar a procura por proteção em dólar.
A expectativa de que a cautela iria predominar nos mercados foi substituída por ajuste de posições nas últimas semanas, em meio ao resultado do 1º turno e pesquisas de intenção de voto para o 2º turno.
O mercado prefere candidatos com viés mais reformista e liberal, e entende que aqueles com viés mais à esquerda não se enquadram nesse perfil. E cresce entre os investidores a percepção de que o país poderá ser governado por alguém com um perfil mais alinhado às suas preferências.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 recuou de R$ 3,89 para R$ 3,81 por dólar, segundo previsão de analistas de instituições financeiras divulgada por meio de boletim de mercado pelo Banco Central nesta semana. Para o fechamento de 2019, caiu de R$ 3,83 para R$ 3,80 por dólar.
Alguns especialistas apontam que uma nova rodada de queda do dólar no curto prazo não é descartada. Mas seria preciso um movimento bastante intenso de busca por risco no exterior ou uma nova onda de euforia com o cenário eleitoral, que poderia vir depois do resultado das urnas em 28 de outubro, destaca o Valor Online.
Fonte: G1