Dívida em carnês e cartões de lojas atinge 19% das famílias
O volume de endividados nos carnês e cartões de lojas do varejo vem crescendo desde maio deste ano. O total de famílias com dívidas na modalidade alcançou 19,4% em agosto, um aumento de 0,5 ponto percentual (p.p.), em relação a julho, e de 1,2 p.p. na comparação com agosto de 2021.
Essa é uma das conclusões da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Conforme o levantamento, a procura pelo crédito direto no varejo pelas famílias de menor renda explica a alta do indicador, uma vez que, nos últimos quatro meses, o endividamento nos carnês para este grupo cresceu 1,8 p.p., alcançando 19,8%.
No ano, o endividamento direto em lojas do varejo aumentou 0,7 p.p. entre as famílias com até 10 salários de rendimento mensal e 3 p.p. entre as famílias consideradas mais ricas.
O público masculino está mais endividado nos carnês (19,5%) do que o feminino (18,8%). A proporção de homens que contrataram crédito direto operado pelo varejo cresceu 2,3 p.p. em um ano; esse número caiu 1,1 p.p. entre as mulheres.
A maior proporção de endividados em carnês do varejo no último quadrimestre acontece na esteira da redução do endividamento no cartão de crédito (de 3,2% p.p.), ambas modalidades com forte associação ao consumo no comércio varejista. As famílias estão buscando alternativas de crédito mais baratas por conta da elevação dos juros, e o cartão de crédito foi o tipo de dívida com a segunda maior alta dos juros médios em um ano até junho, 17 pontos percentuais, segundo dados do Banco Central, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Endividamento alcança 79% dos lares
O percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) atingiu 79% do total de lares no País, em agosto. O crescimento da proporção de endividados acelerou na passagem mensal, com aumento de 1 ponto percentual.
Em relação a agosto do ano passado, a proporção de endividados apontou alta de 6,1 p.p. A proporção de mulheres e homens endividados é maior em agosto, com avanço mensal mais expressivo para os homens (1 p.p.). Entre o público feminino, o volume de mulheres endividadas aumentou 0,5 p.p. entre julho e agosto; no intervalo de um ano, no entanto, as mulheres contrataram mais dívidas do que os homens, uma vez que a alta do endividamento foi maior para elas, explica a economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira.
A dinâmica de aceleração do endividamento em agosto ocorreu de forma semelhante nas duas faixas de renda pesquisadas. Para as famílias com rendimentos até 10 salários mínimos, a alta da contratação de dívidas foi mais expressiva do que entre as famílias de maior renda (de 1,1 ponto percentual e 0,9 p.p., respectivamente). A melhora no mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda mais robustas têm favorecido os rendimentos das famílias nas faixas mais baixas, mas a inflação em nível ainda elevado desafia o poder de compra desses consumidores. O crédito tem sido uma forma importante para eles sustentarem o consumo, analisa Izis Ferreira.
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