Demanda em alta pode aumentar riscos inflacionários, alerta Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se reuniu na última semana e manteve os juros em 8,75% ao ano, divulgou nesta quinta-feira (4) a ata do encontro e informou que, diante dos sinais de retomada da demanda doméstica (procura por produtos e serviços), podem aumentar os “riscos para a concretização de um cenário inflacionário benigno”, no qual a inflação seguiria consistente com a trajetória das metas.
“Nesse ambiente, cabe à política monetária [definição da taxa de juros] manter-se especialmente vigilante para evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos”, informa o Copom. Segundo o Banco Central, nesse quadro de retomada da demanda, “cabe à política monetária zelar para que as pressões inflacionárias sigam contidas”.
Até o momento, o mercado financeiro acredita que o Copom voltará a subir os juros em abril deste ano, quando a taxa passaria para 9,25% ao ano. Até o fim de 2010, porém, os economistas dos bancos preveem que a taxa básica de juros da economia brasileira suba para até 11,25% ao ano.
Atividade econômica
Segundo o BC, as perspectivas para a evolução da atividade econômica doméstica “continuam favoráveis”. “A confiança dos consumidores e dos empresários também exibe sinais consistentes de recuperação. Nessas circunstâncias, o ritmo da atividade depende, de forma importante, da evolução da massa de rendimentos reais, dos efeitos das medidas de estímulo fiscal [redução de tributos] e dos incrementos das transferências governamentais que ocorrerão nos meses à frente”, avaliou.
Metas de inflação
No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Copom tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ao subir os juros, atua para conter a inflação e, ao baixá-los, avalia que a inflação está condizente com as metas. Para este ano, 2010 e 2011, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida. As decisões sobre a taxa de juros demoram cerca de seis meses para terem impacto pleno na economia. Neste momento, portanto, o BC já está olhando o cenário para o segundo semestre de 2010 para tomar suas decisões.
Na ata do Copom, a autoridade monetária diz que, com câmbio e juros estáveis, a inflação subiu um pouco, mas ainda permanece “ao redor” da meta de 4,5% e, no cenário de mercado (mais factível, pois utiliza as previsões dos analistas para câmbio e juros no futuro), a previsão do BC para a inflação registrou recuo – mas ainda está em torno de 4,5%.
Fonte: G1