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Crise financeira global sob a ótica ambiental

O mundo observa atônito o movimento de fúria nos mercados. Ondas de choque avançam sobre a economia real, atingindo diversos setores, frágeis ou sólidos. Em meio à inundação, ainda não é possível ter uma visão clara dos setores ou empresas que conseguirão manter-se equilibradas após o recuo das águas.
Nesse cenário, há elementos que indicam que o Brasil deverá manter índices positivos de crescimento econômico. Historicamente, são verificados movimentos geopolíticos e até mesmo ciclos de ascensão e queda nos ataques a preços de produtos e serviços: motim da fome na França, guerras, crise de 29, choque do petróleo. Com a globalização, esses ciclos tornaram-se mais curtos e com ondas de propagação mais dinâmicas.
Sob a ótica ambiental, fenômenos climáticos conseqüentes do aquecimento global influenciam a movimentação bilionária de recursos, atingindo também todos os setores e países.
Os Estados Unidos são alcançados freqüentemente por furacões e desembolsam cada vez mais recursos com pagamentos de seguros. Nesse caso, as seguradoras têm uma preocupação crescente, pois são impactadas nos seus resultados financeiros. Logo, não é irreal supor que venham apresentar balanços pouco atraentes.
Para o Brasil, no entanto, o momento é de atenção, porém, claramente voltada às oportunidades globais que se apresentam. Evidente que seu mercado interno, que representa 85% do Produto Interno Bruto (PIB), indica que poderia suportar uma retração do comércio internacional, sobretudo de produtos manufaturados. Isso garantiria uma espécie de crescimento por inércia, com fortalecimento ainda maior do mercado interno, com manutenção da estabilidade de preços.
Por outro lado, nossa principal fonte de otimismo se dá a partir do potencial exportador de commodities, sobretudo agrícolas. Os preços apresentam-se em um patamar semelhante ao registrado há um ano (outubro de 2007), apesar de alegações de alarmistas de que os preços sofreram enorme redução, tomando-se como base um pico insustentável de abril de 2008.
A notícia mais favorável vem da China. Seu desenvolvimento econômico e social agregou 450 milhões de pessoas em uma camada que consome mais alimentos – e com mais proteínas. Isso resultou diretamente em um expressivo aumento das exportações brasileiras, principalmente soja. Novamente uma questão climática, já que a China vem sofrendo com escassez de água para esse aumento de demanda agrícola, preferindo importar do Brasil.
Atualmente, o governo do país oriental desenvolve um agressivo programa de inclusão social, prevendo trazer a essa nova classe de consumidores de alimentos cerca de 850 milhões de chineses. O atendimento a essa necessidade de grãos poderá ser feita pelo Brasil, único país capaz de responder com agilidade a esses volumes expressivos de comida.
Também em razão de questões ambientais, o Brasil será beneficiado com o mercado da China. O País produz a metade do petróleo chinês, mas o consumo deles é quatro vezes maior, sendo mais dependente externamente dessa fonte de energia. Como resposta, o governo chinês estuda a substituição paulatina da utilização de combustíveis fósseis por renováveis, menos poluentes, sendo os biocombustíveis brasileiros o alvo preferido.
A medida representará um acréscimo importante à pauta exportadora brasileira, sobretudo de etanol. A indústria sucroalcooleira já se movimenta com melhoria nos processos produtivos, expansão de unidades para outros países – sobretudo na África – e práticas de responsabilidade sócio-ambiental dos combustíveis renováveis.
Toda essa nova geração de recursos de exportação contribui para minimizar efeitos de uma desaceleração global, nesse momento de turbulência, implicando para o Brasil o aproveitamento econômico de sua área produtiva e agricultável.
kicker: O governo chinês estuda a substituição paulatina da utilização dos combustíveis fósseis pelo etanol produzido no País

Fonte: Gazeta Mercantil

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