Crise atrasou o desenvolvimento do Brasil em 3 anos
A recessão econômica que atingiu o Brasil a partir de 2014 fez com que o desenvolvimento dos municípios brasileiros retrocedesse três anos. É o que aponta o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado nesta quinta-feira (28) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
O IFDM geral do país em 2016 ficou em 0,6678, abaixo do alcançado em 2013, que foi de 0,6715. Segundo a Firjan, o resultado interrompeu uma série de duas quedas seguidas do índice, ficando 2,6% do registrado em 2015, que foi 0,6509. No entanto, esse crescimento não foi suficiente para reverter a perda acumulada de 3,1% nos três anos anteriores.
Para calcular o IFDM, a Firjan monitora as áreas de emprego e renda, educação e saúde com base nas estatísticas oficiais dos respectivos ministérios. O índice varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais perto de 1, maior o desenvolvimento.
Foram avaliados 5.471 municípios. Ficaram de fora da análise 99 cidades três porque não tinham nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), cinco porque foram constituídas legalmente como municípios há três anos ou menos, e 91 porque tinham menos de dez empregados na administração pública.
A Firjan afirma que, para recuperar o índice de desenvolvimento pré-crise, o país precisa alcançar o equilíbrio fiscal.
“O equilíbrio fiscal é importante não só para o reestabelecimento do equilíbrio macroeconômico, como também para a manutenção dos recursos que são direcionados para as políticas públicas municipais”, destacou a entidade.
Emprego e renda estagnaram o índice
O coordenador de estudos econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, afirmou que o resultado de 2016 foi o primeiro que a gente conseguiu perceber uma estagnação do desenvolvimento. O índice manteve trajetória ascendente de 2006, início do levantamento, até 2014, quando registrou a primeira queda.
Segundo o economista, a área de emprego e renda foi a responsável pela estagnação do índice. O IFDM de educação e o de saúde mantiveram trajetória de crescimento, mas no menor nível em dez anos, conforme enfatizou Goulart.
O IFDM de emprego e renda também cresceu na comparação com 2015, interrompendo três anos de queda. No entanto, atingiu o segundo pior índice da série histórica, depois de ter acumulado uma queda de 20,6% nos três anos de crise.
Emprego e renda é um indicador que fatalmente vai ter influência da conjuntura econômica. Os outros dois indicadores são mais estruturais, ressaltou o coordenador do estudo.
Goulart destacou, ainda, que os resultados das áreas de educação e saúde mostram que a crise teve impactos sociais, além dos econômicos.
Goulart afirmou que, segundo o levantamento, o Brasil segue distante das metas de desenvolvimento estabelecidas nas áreas de educação e saúde. Na área educacional, por exemplo, a meta do Plano Nacional de Educação de universalizar a educação infantil na pré-escola até 2016 só será alcançada em 2035. Na área da saúde, a pior projeção é a da meta de reduzir a morte de menores de 5 anos por causas evitáveis, que só deverá ser atingida em 2039.
Segundo a Firjan, o problema para o alcance das metas sociais não é a falta de recursos, mas a gestão eficiente deles. Para a entidade, “acelerar o desenvolvimento no interior do país passa por uma política ampla de capacitação e aprimoramento dos gestores públicos, sobretudo nas regiões menos desenvolvidas”.
O IFDM geral do Brasil classifica o desenvolvimento do país como moderado, situação acompanhada pela maioria das 27 capitais. Florianópolis lidera o ranking das capitais em índice de desenvolvimento. Na lanterna está Macapá, única cujo índice ficou abaixo do nacional.
Apenas dez capitais têm alto desenvolvimento, segundo a Firjan, e figuraram entre os 500 municípios com maior índice de desenvolvimento. Entretanto, apenas Florianópolis e Curitiba ficaram entre os 100 mais bem avaliados.
Ao comparar o IFDM das capitais com o período pré-crise, a Firjan destacou que Rio de Janeiro e Recife foram as que mais perderam posição no ranking elas caíram, respectivamente, da 5ª para a 11ª colocação e da 13ª para a 18ª. Já Teresina foi a capital que mais subiu no ranking, saltando da 12ª para a 4ª posição.
A Firjan destacou que todas as capitais fecharam postos de trabalho ao longo da crise, mas que a melhora na renda média permitiu que 17 subissem no IFDM Emprego e Renda. Macapá ficou com a nota mais baixa neste indicador, em razão da queda de rendimento dos trabalhadores.
No IFDM Saúde, 19 das 27 capitais apresentaram avanço na comparação com 2015. Curitiba liderou o ranking, enquanto Manaus ficou no extremo inferior, considerando o percentual de grávidas que realizaram sete ou mais consultas pré-natais a primeira atingiu 88,8% deste indicador, enquanto a último alcançou apenas 45,7%.
No IFDM Educação, São Paulo ficou com a melhor nota, enquanto o pior desempenho foi o de Maceió.
Fonte: G1