Cresce aversão ao risco e dólar vai a R$ 2,43
O sentimento de aversão a risco voltou a pressionar os mercados mundiais ontem, estimulando a corrida pelo dólar. A moeda norte-americana atingiu a maior alta em 2009 com valorização de 2,83%, vendida a R$ 2,438.
O prejuízo de US$ 61,7 bilhões da seguradora American International Group (AIG) – o pior da história dos EUA – e a previsão desanimadora do mega investidor Warren Buffett sobre a economia em 2009 prejudicaram os ativos mais arriscados. Em Wall Street, o índice Dow Jones perdeu o patamar de 7 mil pontos pela primeira vez desde 1997.
Simultaneamente à divulgação do balanço, a AIG e o governo norte-americano reformulou os termos de resgate à seguradora, em troca de mais um empréstimo de US$ 30 bilhões com condições mais brandas, temendo os riscos sistêmicos. Soma-se ao cenário já conturbado a redução de 70% do lucro anual maior banco europeu, o HSBC, que estuda oferta de £ 12,5 bilhões em subscrição de ações e a demissão de 6,1 mil funcionários nos EUA.
Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schachin, este contexto mais negativo é potencializado pelas perspectivas ruins para a economia real em todo o mundo. “Os dados econômicos recentes nos EUA acrescentaram preocupações quanto à intensidade e durabilidade dos efeitos da crise sobre a economia global. Os números do setor imobiliário seguem em queda livre e a contração do PIB no quarto trimestre foi revisada para baixo”, lembra o economista, acrescentando que no Brasil os dados seguem apontando gradativa piora das condições econômicas, com o aumento do desemprego e da inadimplência, e a desaceleração do crescimento do crédito.
O pessimismo superou o anúncio de superávit de US$ 408 milhões na última semana de fevereiro da balança brasileira, que fechou o mês passado positiva em US$ 1,767 bilhão.
No mercado futuro de juros da BM&FBovespa, os prêmios dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam sem direção definida decorrente das evidências de agravamento da crise global e os temores com relação aos custos com planos de resgate destinados às instituições financeiras. O DI de janeiro de 2010, o mais líquido na BM&FBovespa, apontou taxa anual de 10,69%, ante 10,63% do ajuste anterior. Para a próxima reunião do Copom agenda para 10 e 11 deste mês, o mercado estima novo corte de 1 ponto percentual na taxa Selic, fixada em 12,75% ao ano.
Fonte: Gazeta Mercantil