Corretoras on-line têm desempenho limitado
A onda no Brasil começou em 2011, quando os investidores decidiram apostar no segmento como um novo canal de distribuição para a venda de seguros no varejo. Como toda novidade, atraiu o interesse de muitos, porém, em três anos, poucos se consolidaram. Hoje, se destacam nesse setor duas corretoras, um número irrisório para um mercado que reúne cerca de 70 mil corretores. E mesmo nas lojas virtuais da Bidu e da Minuto Seguros, líderes em market share, a venda on-line começa nos sites mas o negócio só é concretizado com a interação humana.
Apesar desse cenário, quem está no mercado assegura que é um bom negócio, que atrai novos clientes, e com espaço para crescer. É um processo lento, que pode levar de cinco a dez anos até que as pessoas comecem a se familiarizar mais com esse canal de distribuição, afirma Marcelo Blay, sócio-diretor da Minuto Seguros. Mesmo em países onde o modelo é mais maduro, ainda existe a necessidade de um apoio humano, porque é um produto que, em geral, as pessoas não têm familiaridade, explica Blay. Ele acredita que o mercado tem espaço para um número maior de corretoras online, além das cerca de dez que estão operando com lojas virtuais.
O CEO da Bidu, Eldes Mattiuzzo, aposta que dentro de cinco a seis anos em torno de 20% das vendas de seguros de automóveis no país serão pelo sistema online, atingindo o mesmo patamar verificado hoje em países europeus, como Alemanha e França. A gente, às vezes, tende a subestimar o mercado brasileiro. Mas, em vários aspectos de e-commerce somos mais avançados até que os países europeus, afirma. Para ele, a internet será o segundo maior canal de distribuição de seguros no varejo, superando até o de distribuição de bancos, que hoje ocupa essa colocação, atrás do canal de corretores.
Matiuzzo conta que o cliente entra no site, faz simulações, avalia a cobertura e customiza a compra online. Mas a efetivação do negócio é off-line. Antes de fechar, os técnicos ligam para o cliente, checam informações e confirmam a venda, explica.
Tanto a Minuto como a Bidu são corretoras de seguros que já nasceram com a proposta de comercializar apólices pela internet. A grande diferença no nosso modelo, em relação ao tradicional, é que estamos buscando clientes que estão navegando na web. É uma forma de fazer publicidade online e gerar clientes. Mas o restante do processo se dá de maneira tradicional; 100% das minhas vendas têm intervenção humana, informa Blay.
A principal razão para a não proliferação das corretoras online é cultural, afirmam, por unanimidade, os especialistas. Existe uma penetração muito baixa de seguro no Brasil, diz Blay. Ele dá como exemplos os seguros de automóvel e de residências: só 1/3 da frota circulante de veículos é segurada e apenas uma, em cada dez residências, tem seguro.
Para Dorival Alves de Souza, vice-presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Resseguros (Fenacor), existe ainda uma apreensão por parte dos profissionais, em relação a esse novo canal. Entendemos que, por se tratar de um produto diferenciado, o seguro requer a presença de um profissional para orientar o consumidor diante da sua necessidade, afirma. Souza acredita que há resistência também do lado do consumidor, que não conhece o linguajar técnico e busca a loja virtual apenas para ter um parâmetro de custo para negociar com o corretor. Eu tenho observado que o consumidor está buscando esse site como termômetro de preço, opina.
Fonte: Valor